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Categorias: Brasil
| Em 8 anos atrás

Sob pressão, policiais procuram hospitais para não voltar ao trabalho

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Depois de mais de uma semana sem policiamento no Espírito Santo, a capital Vitória amanheceu neste domingo (12) com diversos relatos de que, sob pressão, policiais militares apresentaram problemas de saúde.

“Ninguém está aguentando a pressão do governo. Estão sucumbindo. Divididos entre voltar [para as ruas] e não colocar em risco a carreira ou trair o movimento”, disse à Folha um soldado de 26 anos que não quis se identificar, temendo represália.

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“Estou me sentindo com medo, muito abalado. Se eu for para a rua e acontecer alguma coisa, meu desempenho não vai ser o mesmo”, afirmou outro soldado de 22 anos.

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Ambos foram buscar atendimento psicológico no Hospital da Polícia Militar (HPM) na manhã deste domingo.

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“Viemos de maneira preventiva, estamos vendo que o negócio não está bom e estamos buscando ajuda”, disse o primeiro policial.

Segundo familiares de policiais acampados e um terceiro policial ouvido pela reportagem, PMs necessitaram de atendimento médico na última noite e foram ao HPM.

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A Folha de S.Paulo tentou entrar no hospital, mas não obteve autorização da Secretaria de Segurança Pública do Estado.

Os policiais ouvidos pela reportagem afirmam temer voltar para as ruas nas condições dos colegas que se apresentaram no sábado (11) e neste domingo. Nem todos tinham farda e rádio para comunicação e a patrulha seria realizada a pé, sem o apoio de viaturas.

O atendimento no HPM é também uma forma de buscar respaldo. Assim, podem justificar a ausência na chamada de apresentação e escapar de punições. Também se livram de, como afirmam, correr risco no policiamento.

“Essa coisa de não querer trabalhar a pé não é capricho. Estão nos jogando aos lobos e rezando para não acontecer nada”, disse o primeiro policial. “É o cúmulo fazer o cara trabalhar assim”, completou o segundo.

Nesta manhã, o primeiro policial afirmou ter sofrido uma tentativa de assalto ao sair de casa para atender ao chamado de apresentação às 8h. A troca de tiros foi o estopim para procurar ajuda psicológica.

“Não estou me sentindo seguro e estou estressado. Não estou me sentindo confortável para trabalhar. Posso ir pra rua e fazer besteira. Para atender ocorrência, tenho que estar 100%. Se eu não estiver, depois não adianta dizer que eu não estava.”

O segundo policial, por sua vez, já foi atingido por um tiro em uma ocorrência há dez meses. “Eu estava superando, mas depois que vi os colegas nessa situação… Se te assaltarem, levam sua bolsa e seu celular, mas, se assaltarem a gente, é matar ou morrer.”

Ele mencionou os dois policiais militares baleados em Cariacica, Grande Vitória, na tarde de quarta (8). Eles foram atingidos quando chegavam para trabalhar em sua unidade. A orientação era de que fossem ao local de trabalho em carros particulares.

Os policiais conversaram com a reportagem sob a condição de que a entrevista não seria gravada e que não falariam seus nomes.

Relatos

De acordo com informações da TV Gazeta, um policial teve uma crise nervosa e chorou ao se apresentar para trabalhar na praça do Papa no sábado.

Os familiares de policiais dizem também que parte dos policiais retirados do Quartel do Comando-Geral de helicóptero na noite de sábado, na verdade, precisavam de atendimento médico.

Um vídeo com policiais sentados no chão e com as mãos na cabeça, supostamente dentro do quartel, tem circulado no WhatsApp.

Na tarde de quarta, o tenente-coronel Carlos Alberto Foresti foi hospitalizado após uma crise nervosa durante o trabalho. O surto começou após ele saber dos policiais baleados em Cariacica. Foresti é chefe do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom).

Folhapress

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