Pressionada pelos preços da gasolina e da energia, o índice oficial de inflação fechou maio em 0,40%, quase o dobro do 0,22% de abril. A alta teve impacto ainda de aumento nos preços dos alimentos durante a paralisação dos caminhoneiros.
Para economistas, o choque inflacionário deve se aprofundar em junho, mas é temporário. Um dos indicadores é a desaceleração da inflação de serviços, que responde à perda de poder aquisitivo da população.
“O desemprego continua em níveis altos, e as famílias ainda têm um certo receio de consumir”, disse o economista do IBGE Fernando Gonçalves, em entrevista para divulgar o IPCA, que é usado para definição das metas de inflação.
No acumulado do ano, o IPCA soma 1,33%, a menor taxa desde o início do Plano Real.
Em 12 meses, está em 2,86%, ainda abaixo da meta oficial, que é de 4,5% com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Gasolina e energia foram responsáveis por 67% da inflação de maio. Com os reajustes promovidos pela Petrobras, a gasolina subiu 3,34% no mês.
O preço da energia foi pressionado pela adoção da bandeira amarela na conta de luz e subiu 3,53% no mês. Com a mudança para bandeira vermelha nível 2 em junho, o item continuará pressionando os preços.
“Para junho, esperamos aceleração, mais impulsionada por alta generalizada nos alimentos”, disse Breno Martins, economista da Mongeral Aegon Investimentos, que espera índice próximo de 1%.
A previsão considera os aumentos de preços dos alimentos durante os últimos dias da paralisação dos caminhoneiros. Em maio, segundo o IBGE, já houve impacto da paralisação nos transportes.
O grupo Alimentos e Bebidas teve inflação de 0,31% no mês, ante queda de 0,35% em maio de 2017. O preço da batata, por exemplo, subiu 17,51%. Hortaliças tiveram alta de 4,15%, e o leite, de 2,65%.
A alta da gasolina, além dos reajustes da Petrobras, que somaram 8% no mês, também pode refletir efeitos da paralisação, diz Gonçalves.
O custo dos serviços registrou deflação de 0,09%, a maior desde o início da série, em 2012. A última vez que o setor tivera deflação foi em julho de 2014 (0,06%).
A queda dos preços foi puxada pelas passagens aéreas (-14,71%), mas também foi impactada pela crise. Houve queda, por exemplo, nos preços de excursões (-3,3%), conserto de automóvel (-1,31%) e hotéis (-0,86%).
Martins diz que, excluindo passagens aéreas e outros serviços de turismo e educação, a inflação de serviços ainda é positiva, mas vem desacelerando nos últimos meses, como reflexo da recessão. (Folhapress)
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