LETÍCIA CASADO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou nesta sexta (13) o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) ao Supremo Tribunal Federal sob acusação de crime de racismo contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs.
Também deputado, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável, foi acusado pela PGR de ameaçar uma jornalista. A pena prevista -de um a seis meses de detenção- pode ser convertida em medidas alternativas, desde que preenchidos os requisitos legais.
A pena para o crime atribuído a Jair Bolsonaro é de um a três anos de reclusão. A Procuradoria pede ainda pagamento mínimo de R$ 400 mil por danos morais coletivos.
Segundo Dodge, durante palestra no Clube Hebraica do Rio, em abril do ano passado, em pouco mais de uma hora de discurso, “Jair Bolsonaro usou expressões de cunho discriminatório, incitando o ódio e atingindo diretamente vários grupos sociais”.
Para Dodge, a conduta do presidenciável é “ilícita, inaceitável e severamente reprovável”. A Procuradoria cita a frase em que Bolsonaro disse: “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”.
Segundo Dodge, o ataque a variados grupos sociais continuou mirando os quilombolas. A denúncia mencionou então a seguinte frase do deputado: “Eu fui em um quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”. O deputado afirmou também que essas comunidades “não fazem nada”, “nem para procriador eles servem mais”.
“Jair Bolsonaro tratou com total menoscabo os integrantes de comunidades quilombolas. Referiu-se a eles como se fossem animais, ao utilizar a palavra ‘arroba'”, diz Dodge.
No caso de Eduardo, a PGR diz que ele enviou mensagens a uma jornalista dizendo que iria acabar com a vida dela e que ela iria se arrepender de ter nascido. Segundo Dodge, ficou clara “a intenção do acusado de impedir a livre manifestação da vítima, e para isso a ameaçou”.
OUTRO LADO
Bolsonaro e seu filho não atenderam a reportagem até as 20h30. O deputado, que critica o que chama de “politicamente correto”, já negou preconceito em suas declarações.