Representantes do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo e Passageiros de Goiânia e Região Metropolitana (SET) e o Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Goiânia e Região Metropolitana (Sindicoletivo) se reúnem na tarde desta segunda-feira (10/05) na Justiça do Trabalho, em Goiânia para tentar uma mediação e impedir uma paralisação da operação a partir desta terça-feira (11/05). As empresas tentam impedir a greve justificando a crise financeira que assola não apenas o setor como toda a economia em decorrência da pandemia. Os motoristas alegam ir para o segundo ano sem reajuste salarial.
Em entrevista na manhã desta segunda-feira (10/05) à Rádio Bandeirantes Goiânia, o vice-presidente do SET, Alessandro Moura explicou os motivos pelos quais a entidade acionou a Justiça do Trabalho para impedir a paralisação. “Porque segundo o Sindicato [dos Motoristas] a greve está ocorrendo porque não houve manifestação das empresas em negociar o que não é verdade. Só no Ministério da Economia, onde fica a Secretaria de Trabalho, foram feitas três reuniões para conciliação. O SET recebeu proposta, manifestou uma contra-proposta e até agora não teve resposta do Sindicoletivo”, ponderou.
Ele explica também que o entendimento do SET é que apesar do Sindicoletivo falar em nome da categoria, poucos motoristas são responsáveis pela tomada de decisão. “Ele não representa todos os empregados. Representa uma parcela pequena de pessoas e quando nós estamos na operação, eu também sou funcionário do sistema público de transporte a gente vê uma desconexão da pauta apresentada por eles daquilo que a gente ouve dos nossos colegas”, pontua.
Risco de inanição
Neste momento, o SET trabalha em ritmo de sobrevivência, por isso, uma discussão de reajuste no salário pode ser precipitada. É necessário postergar o debate para um momento em que haja clima. “Em um momento de crise onde quase todas as atividades econômicas estão sofrendo para sobreviver e continuar sua atividade, eu e boa parte dos meus colegas de trabalho entendemos que a grande preocupação agora é a manutenção do que a gente tem e postergar essa discussão. Levar essa discussão para frente no momento em que o sistema esteja melhor economicamente”, destaca.
Ele alerta para risco de inanição do transporte coletivo. O que isso significaria? “Significa dizer que hoje o estado do sistema metropolitano é tão grave que as empresas têm enfrentado muitas dificuldades para continuar a operação. Isso significa dificuldade de adquirir óleo diesel, pagar salário, adquirir pneus e outros insumos”, destaca.
Ele destacou que uma negociação prévia com os motoristas tem sido cumprida desde janeiro, o que representa um pequeno reajuste de 3,5% no salário. “Nós fizemos uma negociação prévia. Definimos que a partir de janeiro de 2021 haveria correção de 3,5% para salário e os tickets de alimentação, o que tem sido regularmente feito”, explica. O Sindicoletivo, no entanto, quer 15%. “A pauta do Sindicoletivo traz quase 30 itens, só na clausula de remuneração ela faz uma majoração de 15%, nem nos cenários positivos, seria fácil reconhecer um aumento de 15% para a categoria porque é um aumento muito alto.”
Tentativa de conciliação
Alessandro almeja soluções a partir do diálogo. Segundo ele, uma paralisação neste momento, é muito ruim para todo o mundo. “Nós partimos do pressuposto que soluções são construídas no diálogo. Não é que há uma opção das concessionárias para seguir pelo caminho A ou B. Não queremos a greve que é sempre muito prejudicial para o sistema mas é mais agressiva e cruel para a população que precisa do transporte público. O ideal é que ela não aconteça.”
Motoristas cravam a greve
O diretor-financeiro do Sindicoletivo, Carlos Alberto Luiz dos Santos, por meio de vídeo encaminhado aos veículos de comunicação cravou que a paralisação acontecerá. Ele também pediu apoio da população e explico que há dois anos, os trabalhadores estão sem os reajustes e arriscando suas vidas em meio à pandemia do novo coronavírus. “No ano passado fizemos um compromisso com a sociedade que não iriamos fazer nenhuma paralisação, em decorrência da falta de oferta dos empresários por aumento de salário por motivos da pandemia e não prejudicar o transporte para o setor da saúde”, destaca.
Ele pontua que o meio do ano já está à caminho e não houve reajuste nem procura de diálogo e crava que a paralisação acontecerá. “Esse ano, já estamos em maio, a data-base é março e eles não fizeram nenhuma oferta por aumento de salário, pelo contrário, a oferta é zero, assim como no ano passado e nós achamos que nossa reivindicação é muito justa uma vez que os preços subiram muito e o salário continua o mesmo de dois anos atrás. Pedimos a colaboração e compreensão de todos os usuários de ônibus pois tem morrido muito trabalhador e acredito que tem morrido muito usuário dado o descaso dos patrões e empresários em proteger tanto os usuários como os trabalhadores. Pedimos a compreensão de todos os usuários e que estejam junto conosco na paralisação que se realizará na terça-feira que vem a partir da zero hora.”