Áreas inteiras de canais longos e largos, comumente tomadas pela água e repletas de peixe, estão na terra fofa e na poeira, algo inédito. (Foto: Divulgação)
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), vem executando ações que são voltadas para a recuperação do Rio Araguaia desde 2019, quando foi lançado o Programa Juntos Pelo Araguaia que prevê em sua primeira fase a recuperação de 10 mil hectares de áreas degradadas às margens do rio e de seus afluentes. A secretária de Meio Ambiente, Andrea Vulcanis disse, em entrevista ao Diário de Goiás que desde a época da criação do projeto foi necessário fazer toda estruturação técnica para trabalhar essa recuperação do Rio.
”A equipe de direção técnica do programa teve muita dificuldade de avançar por conta de ações de campo, para validar a estruturação técnica do projeto, e essa estruturação era necessária para que a gente pudesse ter um projeto executivo e buscarmos a captação de recursos. Em 2021 já estamos com R$ 45 milhões para investir no projeto”, disse.
De acordo com Andrea, o programa de recuperação do Rio Araguaia está em pleno desenvolvimento e que não houve nenhum impedimento. ” Estamos buscando mais doadores para o programa para que a gente possa avançar e concluir a etapa 1”, destaca.
A secretária explica como é a execução do programa. Segundo ela, cada proprietário rural é procurado, através de identificação de áreas prioritárias da Bacia do Rio. Tendo consentimento do proprietário para fazer o projeto para aquela propriedade, é feito uma negociação para ver se o proprietário abre mão daquele local prioritário. ” Este é o desafio, e assim o programa vai sendo desenvolvido”.
Andrea reforça que o resultado prático do programa começa agora em 2021 assim que o período de chuva iniciar já inicia também as ações. ” Vale lembrar que a recuperação da Bacia do rio não acontece do dia para a noite, ou seja, o resultado prático são de médio a longo prazo”, ressalta.
Já em fase de execução, o programa conta apenas com recursos da iniciativa privada para sua implementação. É o caso, por exemplo, da empresa Anglo American, que destinou R$ 7 milhões que já estão sendo revertidos na melhoria e recuperação ambiental na região do município de Piranhas.
E ainda a Rumo Logística, que pretende contribuir com a recuperação de 400 hectares na Bacia. Já a farmacêutica Hypera Pharma comprometeu-se a realizar investimentos da ordem de R$ 11 milhões nos municípios de Santa Rita do Araguaia e Mineiros.
A Semad esclarece, ainda, que o Programa deve ser extendido para as demais regiões, a fim de que ocorra a revitalização do rio em toda a sua extensão, inclusive no Noroeste goiano, onde está situada a cidade de Nova Crixás.
Governo de Goiás e a Semad mantêm diálogo com o meio empresarial e, em breve, novas parcerias devem ser firmadas para que mais empresários integrem o programa e mais recursos sejam investidos em ações de revitalização do Araguaia. Desde seu lançamento, o Programa Juntos Pelo Araguaia já conta com aporte de R$ 49 milhões, fruto de parceria entre o Estado de Goiás e a iniciativa privada.
O extremo atingido pela seca no Rio Araguaia neste ano é o retrato da combinação fatal entre desmatamento, assoreamento, degradação de nascentes, uso irregular da água e o consequente desequilíbrio ambiental. Essas causas são velhas conhecidas de moradores da região, empresários do agronegócio e do poder público. Revertê-las, no entanto, é o que já parece impossível.
Para o delegado de Meio Ambiente da Polícia Civil de Goiás (PCGO), Luziano de Carvalho, que já desenvolveu projetos de recuperação de nascentes e contenção de voçorocas ao longo do rio. O Rio Araguaia atingiu um ponto de desequilíbrio, entre o que existe de demanda e ação depredatória e o que o rio Araguaia tem para oferecer.
Córregos e rios menores, afluentes ou que desaguam no Rio Araguaia, estão secando. Geralmente, nesta época, eles sucumbem à estiagem e ao forte calor, e tendem a reduzir a quantidade de água. Moradores locais, no entanto, relatam uma severidade maior do problema em 2021. O nível da água reduziu tanto que os bancos de areia bloqueiam o curso d’água.
Leia também: