Publicidade
Categorias: Economia
| Em 7 anos atrás

Sem reforma, mercado aguarda corte na nota do Brasil

Compartilhar

O adiamento da votação da reforma da Previdência para fevereiro pode ter um efeito colateral frustrante: fazer com que as agência de classificação de risco de crédito antecipem o rebaixamento da nota do Brasil.

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, agência Standard & Poor’s seria a primeira a tomar essa decisão. Moody’s e Fitch acompanhariam o movimento, deixando o país ainda mais distante do selo de bom pagador.

Publicidade

Na última semana, circularam no mercado informações de que a S&P poderia rebaixar a nota do Brasil já no início do ano. Atualmente, o país tem nota BB na agência, dois degraus abaixo do chamado grau de investimento –nota dada aos países que têm um caixa robusto para quitar as suas dívidas.

Publicidade

Logo após o adiamento da votação da reforma, Moody’s e Fitch alertaram para o impacto negativo da decisão. Na Moody’s, o Brasil tem nota Ba2 e na Fitch, BB –em ambos os casos, dois níveis abaixo do selo de bom pagador.

Publicidade

Diante do tom mais duro, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) afirmou que conversaria com as agências.

Para especialistas, porém, a chance de aprovação é remota –e as agências teriam avaliação parecida. “É mais provável hoje que a reforma não passe mesmo, então talvez elas [as agências] já tomem uma decisão com base nisso”, afirma Iana Ferrão, economista do Credit Suisse.

Publicidade

No entanto, Iana pondera que o país sofrerá menos do que antes. “O impacto é maior quando o país perde o grau de investimento. Agora, o impacto deve ser menor, porque as maiores restrições para investimentos estrangeiros estavam relacionadas à perda do grau de investimento.”

Vulnerável

Para Felipe Salles, economista do Itaú Unibanco, enquanto a reforma não sair e o governo não tiver como aliviar o deficit fiscal, o país está mais suscetível.

“Ficamos vulneráveis diante das agências e mesmo dos investidores”, diz.

O fato de 2018 ser ano eleitoral pode tornar as agências ainda mais cautelosas, avalia Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências. “Elas podem antecipar esse ajuste. Do ponto de vista técnico, o Brasil faz perfeitamente por merecer um rebaixamento. A questão fiscal é crítica para os próximos anos”, ressalta.

“Se houvesse uma percepção mais firme de que o próximo governo continuaria a agenda econômica, elas contariam com a reforma.”

Para Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos, as agências deveriam aguardar a votação antes de tomar uma decisão. “Não se costuma fazer isso em ano eleitoral. Elas deveriam esperar para ver se sai a reforma, já que deram o benefício da dúvida. Se a reforma for aprovada, vão ter que revisar a nota novamente”, diz.

O Planalto deve tentar ganhar tempo. “O governo vai tentar votar as medidas. Uma agenda pró-reforma seguraria as agências, que olham o compromisso”, afirma Rodrigo Melo, economista-chefe da Icatu Vanguarda. (Folhapress)

Leia mais:

Publicidade