A seleção brasileira masculina de vôlei lutou bastante na madrugada desta quinta-feira, pelo horário brasileiro, mas não resistiu ao Comitê Olímpico Russo. A derrota por 3 sets a 1, com parciais de 25/18, 21/25, 24/26, 23/25, impede a luta pelo bicampeonato olímpico nos Jogos de Tóquio, mas ainda dá chance de obter a medalha de bronze.
Os russos foram superiores ao longo da maior parte do jogo, principalmente a partir do segundo set. No terceiro, chegaram a ter seis pontos de desvantagem, porém buscaram uma incrível virada para liderar o placar. Na equilibrada quarta parcial, os adversários do Brasil foram melhores nos momentos mais importantes e sacramentaram a vaga na final.
O Brasil esteve longe de repetir as boas atuações dos últimos jogos. Lucarelli e Wallace oscilaram muito ao longo no jogo, sem a mesma confiança das partidas anteriores. Tanto que o destaque brasileiro foi Leal, com 18 pontos. Do outro lado, o maior pontuador russo foi Maxim Mikhaylov, com 22.
Na decisão do ouro, marcada para as 9h15 de sábado (de Brasília), o adversário dos russos sairá do confronto entre França e Argentina. Quem perder vai encarar o Brasil na disputa do bronze, a 1h30 da madrugada do mesmo dia.
A Rússia vinha sendo o grande obstáculo do Brasil nos últimos meses. A seleção vinha de duas derrotas seguidas para os rivais, ambas por 3 a 0, uma delas na fase de grupos em Tóquio e outra na Liga das Nações, em junho. A seleção também venceu os rivais nesta competição, no início da sua caminhada até o título.
E havia eliminado os russos na semifinal dos Jogos do Rio-2016. Logo a vitória desta quinta teve sabor de vingança para os russos. O confronto desta quinta ainda lembrou a dura derrota do Brasil para os rivais na final dos Jogos de Londres-2012, quando o time brasileiro sofreu a virada no placar.
Para o importante duelo desta quinta, o técnico Dal Zotto Renan evitou surpresas e manteve a formação titular com Wallace, Leal, Lucarelli, Lucão, Maurício Souza e o levantador Bruninho, além do líbero Thales.
O Brasil começou a partida acelerando as jogadas e surpreendendo os russos. A vantagem de dois pontos logo aumentou para cinco, deixando os rivais quase sem reação. Mais surpreendente foi a performance brasileira no bloqueio. Foram quatro pontos, contra nenhum dos adversários, na primeira parcial. O desempenho era sintomático da superioridade brasileira em quadra, principalmente porque, no jogo anterior, os russos haviam dado um show nos bloqueios.
Mas tudo mudou no segundo set. Os russos impuseram forte reação ao se reorganizarem em quadra e aproveitarem as falhas brasileiras, táticas e também em ataques. Os rivais abriram até seis pontos de vantagem, desenhando um massacre na parcial. Porém, a seleção esboçou reação ao recuperar a atenção e seus fundamentos táticos. Para ajudar, Renan colocou Maurício Borges no lugar de Leal para reforçar a defesa.
Mais sólido, o Brasil não evitou a derrota no set, mas recuperou parte da confiança para o terceiro set, que começou mais equilibrado. As duas equipes disputavam ponto a ponto até que a seleção passou a se destacar em todos os fundamentos, sem os erros do set anterior. A dianteira no placar chegou a seis pontos (16/10).
Mas os russos não desistiram. Reduziram a diferença pouco a pouco, impuseram pressão aos brasileiros e alcançaram uma inacreditável virada para 24/23. O Brasil salvou o primeiro set point, porém não o segundo. E o Comitê Olímpico Russo obteve a virada na parcial e também na partida.
Apesar do baque, a seleção não desanimou e fez um equilibrado jogo no início do quarto set. Embalados pelos ataques de Maxim Mikhaylov, os russos abriram dois de vantagem em 14/12. O Brasil empatou em 15/15, mas permitiu nova frente dos rivais. O duelo esquentou de vez quando o 20/20 no marcador deixou a partida totalmente em aberto.
A partir daí, o jogo foi ponto a ponto, com risco de os russos fecharem a partida já neste set. Nos momentos decisivos, a seleção do Comitê Olímpico Russo cresceu novamente e aproveitou o segundo match point, acabando com as chances do bicampeonato olímpico do Brasil.
(Conteúdo Estadão)