A nova enviada anteriormente continha um erro no título. Quem está blindando os atletas é a comissão técnica da seleção e não a CBF. Segue a versão corrigida:
O anúncio de que o Brasil será sede da Copa América repercutiu no trabalho da seleção brasileira, que está concentrada na Granja Comary, em Teresópolis, se preparando para os dois próximos jogos pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Mas foi uma repercussão às avessas: enquanto que jogadores de outras seleções – como a uruguaia – têm se manifestado contrariamente à competição no País, por aqui vigora uma espécie de lei do silêncio. Nada de entrevistas, e discrição nas redes sociais.
Na segunda-feira, a Conmebol anunciou pouco depois das 11h da manhã que o Brasil sediaria a Copa América. Àquela altura, repórteres que cobrem o dia a dia da seleção já sabiam que o volante Fred e o meia Lucas Paquetá concederiam entrevista coletiva no início da tarde – havia inclusive uma lista pronta de jornalistas que haviam se inscrito minutos antes para fazer as perguntas. A coletiva, porém, foi cancelada 17 minutos antes do horário previsto para começar.
Isolada em Teresópolis e sob um protocolo sanitário que limita o acesso de pessoas à Granja Comary, a seleção treina no local desde a semana passada. As entrevistas coletivas são feitas por vídeo. Além daquela cancelada de segunda-feira, havia outra prevista para esta terça, que não também não ocorreu. A delegação viaja a Porto Alegre nesta quarta e, assim, é provável que a próxima entrevista ao vivo acontece apenas na quinta, véspera do jogo com o Equador – e isso porque se trata de um evento obrigatório, com a presença do técnico Tite.
Os jogadores também têm sido discreto nas redes sociais. Conhecido por sempre se posicionar ao lado de quem mais precisa, e com uma publicação fixada no Twitter desde o ano passado em que fala sobre a importância de se combater a covid-19 a partir de decisões científicas, o atacante Richarlison tem postado amenidades e brincadeiras. Neymar, por sua vez, fez nesta terça uma referência ao seu patrocinador. Pareceu ignorar solenemente o pedido do senador Renan Calheiros (MDB-AL) para que não jogue a Copa América.
O Estadão apurou que não houve nenhuma espécie de veto à manifestação dos jogadores, mas a suspensão das entrevistas coletivas foi, sim, motivada pelo anúncio repentino da Copa América do Brasil. A incerteza que paira sobre a competição e a enxurrada de críticas nas redes sociais certamente seriam abordadas nas entrevistas, e qualquer declaração fora do prumo teria potencial para atrapalhar o trabalho de Tite – e, na outra ponta, de quem tenta viabilizar o torneio em solo brasileiro.
O silêncio visto na seleção é o mesmo que impera na cúpula da CBF. Apesar do impacto do anúncio da Copa América no Brasil, até o início da noite dessa terça-feira, mais de 30 horas após a Conmebol anunciar o País como sede da competição, nenhuma declaração oficial havia sido dada por qualquer cartola da entidade – tampouco era possível encontrar qualquer linha sobre o assunto no site da CBF.
(Conteúdo Estadão)