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Categorias: Brasil
| Em 7 anos atrás

Segóvia admite dúvidas sobre PF e fala em ‘triste’ disputa com PGR

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O novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, admitiu nesta segunda-feira (20) haver um “vendaval de dúvidas” sobre os destinos da corporação e prometeu manter como prioridade o combate à corrupção no país.

Em seu discurso de posse, no Ministério da Justiça, ele disse que as grandes operações da corporação que miram políticos vão continuar em curso.

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“Nesse vendaval de dúvidas e questionamentos [em] que se encontra a nação quanto ao futuro da PF, gostaria de reafirmar que a minha postura como tradição é a de obedecer sempre, estritamente, as leis e a Constituição”, declarou.

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Segóvia foi nomeado para o cargo com o apoio de caciques do PMDB, entre eles o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, investigado na Lava Jato.

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O novo chefe da PF disse que “buscará o combate incansável à corrupção”. “Continuará sendo agenda prioritária da PF, tendo como a premissa a continuidade de operações especiais, tais como Lava Jato, Cui Bono!, Cadeia Velha, Lama Asfáltica e tantas outras que tramitam nos inquéritos do Supremo Tribunal Federal e nas varas da Justiça Federal Brasil afora.”

A posse foi acompanhada pelo presidente Michel Temer, que não discursou, e por autoridades como o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), também alvo da Lava Jato.

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Segóvia pregou uma nova relação da PF com o MPF (Ministério Público Federal). As duas corporações tiveram divergências nos últimos anos, nas gestões do ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, e do ex-diretor geral da PF Leandro Daiello. Um dos pontos de atrito é a possibilidade de policiais fecharem acordos de delação premiada com investigados, caso que está sendo analisado pelo Supremo.

Segóvia afirmou que o único que ganha com os embates é o “crime organizado”.

“Há hoje uma infeliz e triste situação de uma disputa institucional de poder entre a PF e o MPF. Confio muito no espírito de maturidade institucional e profissional dos membros dessas instituições, que neste momento têm a oportunidade de escrever um novo capitulo de sua história, deixando de lado a vaidade e a sede de poder”, comentou.

No evento, o ministro Torquato Jardim (Justiça) adotou linha semelhante a de Segóvia e disse que “não há lugar para o talvez ou para o quem sabe” na Polícia Federal.

Em uma crítica indireta à PGR (Procuradoria-Geral da República), disse que não se pode permitir a “ilação especulativa” e que não cabe nem a “vaidade fruto da ambição” nem “propósitos ocultos nos desvãos do processo”.

“Não se pode admitir a ilação especulativa e não se pode convalidar informações sem referências sólidas nos fatos e nos documentos. Não cabe a vaidade fruto da ambição nem propósitos ocultos nos desvãos do processo. Os prejuízos que causam as condutas desviadas do sentido ético da lei agridem e agridem sempre a sociedade muito mais que o indivíduo”, disse.

Segundo ele, essa conduta “gera a dúvida coletiva sobre a isenção” de quem atua em nome do poder público. Ele ressaltou que a obediência ao conteúdo ético e à norma legal são fatos exigidos na postura da Polícia Federal.

No discurso, Torquato desejou sorte a Segóvia, expressou “irrestrita confiança” e disse esperar que ele o ajude a repensar o papel da Polícia Federal, com maior integração federativa e cooperação internacional.

SURPRESAS

Em sua despedida, Daiello iniciou seu discurso afirmando que o “tempo reserva algumas surpresas” e reconheceu que enfrentou dificuldades nos quase sete anos à frente do cargo.

No comando da Polícia Federal desde o início da Operação Lava Jato, ele citou que a carreira policial enfrenta ameaças e riscos e que ele tentou fazer “o que era para ser feito” e que “cumprimos nossa missão”.

“A carreira policial não é fácil e não garante uma vida fácil, mas é um privilégio servir”, disse. “Nós resolvemos problemas, enfrentamos dificuldades e superamos limites”, acrescentou.

Ele também disse que, apesar de ter se aposentado, continuará a servir à Polícia Federal se for solicitado e desejou “o mais absoluto êxito” ao seu sucessor.

“Nós fizemos o que era para ser feito e, quando olharmos para trás, veremos que cumprimos nossa missão”, disse.

A aposentadoria de Daiello foi publicada nesta segunda-feira (20) no “Diário Oficial da União”. Ele foi aplaudido de pé pela plateia de convidados e servidores após o discurso.

“Na verdade, o nosso grande patrimônio são os servidores, que acreditam na Polícia Federal forte e republicana”, disse.

O ministro da Justiça queria manter Daiello no cargo, mas o presidente Michel Temer decidiu trocá-lo, o que criou dúvidas sobre o trabalho da Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato.

 

 

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