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A secretária municipal de Saúde, Fátima Mrué foi ouvida nesta segunda-feira (18), por vereadores que fazem parte da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga irregularidades na Saúde Pública de Goiânia. A gestora foi bastante questionada pelos parlamentares em relação ao sistema de regulação do município e sobre a falta de médicos nos Cais da capital. Após o depoimento, a secretária concedeu entrevista à imprensa e na ocasião ela pediu desculpas à população por conta dos problemas na área de saúde.

A gestora foi cobrada para apresentar um plano de metas na área odontológica. O clima durante o depoimento foi de bastante tensão. A gestão de Fátima Mrué tem sido alvo de constantes críticas dos vereadores. Além da regulação, ela foi indagada sobre desperdício de insumos que foi constatada pela CEI no almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde.

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 Ela foi questionada ainda sobre contratos da gestão, falta de insumos, pagamento de mestrado para servidores de forma irregular e ainda a visita da secretária à casa da paciente Celina Lopes, que arrancou um dente por falta de assistência à saúde. A secretária pediu desculpas a paciente e a população da capital.

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“A prefeitura deve desculpas não só a ela (Dona Celina), mas a toda a população pelo fato de a Saúde estar desta forma não este ano, mas cronicamente. É um problema antigo. Os postos de Saúde estão em condições ruins com escalas inadequadas e nós queremos resolver”, disse a secretária.

A secretária completou dizendo que a crise na Saúde Pública que está ocorrendo no ano de 2017 é um problema crônico na Saúde Pública da capital. “O que está acontecendo em 2017 é fruto do planejamento da gestão anterior. Em relação à saúde bucal as metas já não estão sendo cumpridas a tempo e isso precisa ser corrigido”, declarou.

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Cargo

Ao Diário de Goiás a secretária Fátima Mrué disse que em nenhum momento pensou em entregar o cargo dela ao prefeito Iris Rezende. Ela acredita que os resultados ficarão visíveis a população até 2019.

Desperdício

O presidente da CEI, Clécio Alves (PMDB), questionou a secretária sobre o desperdício de insumos no almoxarifado da pasta. Parlamentares fizeram visita e constataram que 42 caixas com 450 latas de leite Pregomin estavam vencidas. O desperdício chega a R$ 44.820,00. Suplementos para idosos estavam foram do prazo de validade.

Os vereadores perguntaram a secretária sobre os aparelhos do raio X que estão parados e no almoxarifado e a prefeitura contrata os serviços de raio x. Funcionário do local informou aos vereadores que há um sistema informatizado que não permitiria que ocorresse o desperdício.

A secretária respondeu que há sim um sistema, mas que ele é em grande parte é manual. “A informatização que o funcionário disse é em relação a apenas os dois primeiros passos, do almoxarifado para o distrito. Mas do distrito para as unidades de saúde nós não temos. É um sistema muito frágil naquilo que o sistema de saúde precisa”, afirmou Fátima Mrué.

Ao Diário de Goiás, o relator da comissão, Elias Vaz (PSB), destacou que em uma reunião formal da CEI com o prefeito Iris Rezende, o gestor teria dito que apenas 30% dos medicamentos efetivamente têm chegado ao destino final. A informação está sendo apurada pela comissão.

O vereador discorda da informação trazida pela secretária de que não há informação contida no sistema. Ela explicou que há sim um sistema informatizado, que indica o passo a passo da entrega, com exceção apenas das unidades de emergência.g

Falta de insumos

O vereador Jorge Kajuru (PRP) questionou sobre a falta de insumos em unidades de saúde. O parlamentar perguntou sobre a falta de bombas de insulina, equipamento que é usado para substituir múltiplas injeções de insulina.

A secretária disse que tomou medidas para ter o fornecimento de bombas de insulinas. “Nós temos uma limitação de fornecedores. Já estamos em negociação com a empresa. A bomba não temos, pois por compra emergencial o preço está fora do que a lei permite porque o limite é de R$ 8 mil. Estamos trabalhando para que não falte mais insumos. Nós estamos trabalhando para que a partir do ano que vem isso não falte. Tivemos o problema da insulina análoga no início do ano, mas que já foi resolvido”, declarou.

Regulação

Durante a CEI vereadores questionaram Fátima Mrué sobre a quantidade de médicos que estão lotados na Central de Regulação. Os parlamentares disse que há 133 médicos na Regulação de acordo com o portal da transparência e quando a CEI foi ao local estavam apenas quatro médicos. A CEI quer saber a carga horária de cada médico e quem são os profissionais.

Falta de médicos

A secretária foi indagada sobre a constante falta de médicos nas unidades de saúde da capital. Foi dito pelo vereador Jorge Kajuru que neste domingo (17), não havia médico em seis unidades de saúde de Goiânia.

“Visitei seis Cais e em nenhum deles havia médicos. A informação que passaram para a senhora está completamente errada”. Um dos mais novos, o Novo Horizonte não tinha nenhum médico”, destacou o parlamentar.

A gestora argumentou que a informação que chegou até ela é que pelo menos um médico havia em cada unidade de saúde da capital. Ela pediu que o vereador protocolasse a reclamação.

“Tenho conhecimento de toda a escala de plantão e constantemente entro em contato com a superintendente e a informação que recebi é que nas unidades 24 horas tinham médicos. Considero isso de grande importância e peço ao senhor para protocolar, pois ainda hoje abrirei o pedido de sindicância”, afirmou.

Visita

A ida de Fátima Mrué a CEI da Saúde foi motivada pela visita que ela fez a casa da usuária do SUS, Celina Lopes, que por falta de assistência tomou a decisão de arrancar um dente com um alicate.

A vereadora Dra Cristina (PSDB) perguntou qual foi a real intenção da secretária em visitar a casa de Celina e quais foram as atitudes para prestar o atendimento bucal a ela. A resposta da secretária é que queria saber como Celina chegou a uma situação crítica. Ela disse que solicitou ao assessor de imprensa da Secretaria de Saúde, Carlinhos do Esporte, que ele entrasse em contato com Celina e marcasse uma visita que ela iria até o local.

“Em relação minha visita foi compreender como a paciente chegou aquela situação. A situação no tratamento odontológico em Goiânia não atende as metas alguns anos. Eu entrei em contato com o Carlinhos que é nosso jornalista para visitar a casa dela e me parece que não tenha nenhuma perturbação mental. Lamentei o fato dela. Ela me relatou que em 2010 fez a mesma coisa, novamente em 2014. Queria saber o que a levou a tomar esta atitude e o que tipo de assistência estava precisando”, relatou.

Gravação

O vereador Jorge Kajuru questionou a secretária sobre o fato de ela ter gravado a conversa na casa de Celina Lopes. A secretária Fátima Mrué disse que pediu que solicitou ao funcionário da assessoria de imprensa do órgão, Carlinhos do Esporte que documentasse e que não iria disponibilizar o teor da gravação. Vereadores criticaram a secretária por ter feito a gravação.

A secretaria disse que fez um pedido antecedente ao assessoria para que fosse feita a documentação da visita e negou que cestas básicas tenham sido oferecidas para que em troca Celina falasse bem dela. Fátima Mrué disse que foi uma ação pessoal do assessor que desenvolve um trabalho social.

Metas na área odontológica

Foi destacado que 374 profissionais estão sem trabalhar porque não havia anestésicos, entre outros insumos. A secretária disse que os insumos chegaram e já foram encaminhados a várias unidades.

Fátima Mrué foi cobrada do estabelecimento de metas na área odontológica. A secretária disse que as metas de 2017 foram colocadas na gestão anterior e que as dos próximos anos estão sendo colocadas neste ano.

“Nós queremos que funcione bem. Metas nós planejamos em um ano para que sejam cumpridos nos anos seguintes. Esse ano estamos cumprindo metas do ano passado. No final de cada exercício, ou seja no final do ano de 2018, os senhores terão condições de avaliar as metas”, argumentou Mrué.

Pagamento de mestrado dos servidores

Um ponto bastante polêmico na reunião foi o pagamento de mestrado no Rio de Janeiro a duas servidoras da Secretaria de Saúde. Foi informado que as funcionárias passaram em concurso para função de nível fundamental e médio e não de nível superior. O relator da CEI Elias Vaz (PSB), disse que a medida é ilegal. Ele afirmou que o funcionário público deveria exercer função designada no concurso que foi aprovado.

“A senhora não pode permitir uma relação jurídica que funcionárias que tenham o nível fundamental e médio possam exercer outras funções. Isso é ilegal. A pessoa só pode exercer a função para a qual ela prestou o concurso”, afirmou.

A secretária disse que pretende manter o pagamento das despesas do mestrado. Para ela, não há irregularidades. “Mantenho, pois uma boa parte dos funcionários que prestaram em concursos estão em funções diferentes. Se colocarmos cada um em suas funções vão faltar funcionários. Hoje as duas funcionárias prestam um bom serviço”, argumentou.

Ambulâncias do Samu

O vereador Anderson Sales (Bokão) (PSDC) questionou sobre a falta de ambulâncias do Samu na cidade de Goiânia. A secretária disse que providências estão sendo tomadas para recompor a frota.

“Estavam apresentando problemas mecânicos, chegaram peças novas e será aberta uma nova licitação para aquisição de nova frota de ambulâncias e motolâncias. A secretária disse que não está recebendo recursos do Fundo Nacional de Saúde relativo às motolâncias”, ressaltou.

Alimentação

Os vereadores pediram informações relativas a alimentação fornecida aos pacientes. Há a denúncia de que alimentação está sendo compartilhada em até três pacientes e que seria levada às 14 horas e entregue aos pacientes às 19 horas. A secretária disse que não tem conhecimento e que o fato será apurado.

Convocações

Ao Diário de Goiás, o presidente da CEI, Clécio Alves disse que já foram convocados pela comissão, todos os secretários de Saúde de Goiânia que exerceram o cargo a partir de 2010.  O objetivo será de confrontar informações e documentos da época com os dados da atual gestão.

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