O Sebrae quer usar start-ups do setor financeiro (companhias iniciantes de tecnologia conhecidas como fintechs) para melhorar a distribuição do crédito do BNDES às pequenas empresas.
Segundo Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae Nacional, a rede de bancos privados (em geral responsável por repassar crédito do BNDES às empresas menores) têm pouco interesse em oferecer produtos que não sejam os seus próprios e trabalham com regras e burocracias que dificultam o acesso dos pequenos empresários a empréstimos.
Por outro lado, as fintechs teriam agilidade e tecnologia para fazer uma distribuição do crédito mais fácil e menos concentrada em grandes companhias, diz Afif.
Pesquisa do Sebrae feita em maio indica que 21% das micro e pequenas empresas já acessaram crédito do BNDES.
A ideia do presidente do Sebrae é que a instituição e o BNDES realizem uma seleção de start-ups que possam fazer essa ponte entre o banco e as pequenas empresas.
O Sebrae também poderia viabilizar operações a partir de um fundo de aval que a instituição mantém para permitir o acesso a empréstimos de companhias que não tem garantias para oferecer a credores (para usá-los, as empresas pagam um percentual da operação ao fundo).
Questionado sobre o risco de essas fintechs, com poucos anos de mercado, ainda não estarem tecnicamente prontas para lidar com grandes volumes financeiros e de operações sem criar riscos para o mercado, Afif afirma que o papel delas será apenas o de oferecer suas tecnologias e processar as operações. Farão isso seguindo parâmetros definidos pelo BNDES: “Quem concederá o crédito será o banco”.
Porém ele não descarta a possibilidade de ajustes serem necessários após implantação do sistema.
“Caso haja algum problema causado pelas fintechs, isso se refletirá na inadimplência e será possível fazer correções. E todas as operações terão garantias [o que protegeria o BNDES de perdas com calotes].”
Novas reuniões entre Sebrae e BNDES para nos discutir o assunto devem ocorrer em duas semanas. Afif diz acreditar que o início das operações com fintechs será ainda neste ano.