Em discurso a militantes após cerca de cinco horas de depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que está “vivo e preparado para ser candidato”.
“Se um dia eu tiver cometido um erro, não quero ser julgado apenas pela Justiça, mas antes pelo povo brasileiro.”
O petista falou a uma plateia de cerca de 5.000 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar do Paraná, na praça Santos Andrade, em Curitiba.
Reuniu no palco ao seu lado parlamentares e dirigentes petistas, líderes de movimentos sociais e sua sucessora, a ex-presidente Dilma Rouseff.
Alternando momentos bem humorados e trechos em que se mostrou comovido, disse que quer ser “julgado por provas, não por interpretações”.
“Hoje pensei que meus acusadores iam mostrar um documento, um inventário…”, afirmou.
Ele voltou a dizer que não há provas contra ele na acusação de que a OAS tenha sido beneficiada em contratos com a Petrobras em troca de vantagens indevidas, como o oferecimento de um tríplex em Guarujá, no litoral paulista.
Disse também que tem sido “perseguido e massacrado”. “Haverá o momento em que a história irá mostrar que nunca antes na história deste Brasil alguém foi tão perseguido e massacrado quanto nos últimos anos.”
Em provocação a Moro, disse que preferia que a audiência tivesse sido transmitida ao vivo e citou uma frase que atribuiu a sua mãe: “Lula, a gente sabe quando alguém está falando a verdade não é pela boca, mas pelos olhos”
Falando antes dele, Dilma atacou o processo de impeachment e a gestão de seu sucessor, o presidente Michel Temer.
“Esse país não vai continuar por esse caminho de golpe atrás de golpe. O primeiro com meu impeachment”, diz, sobre o que considerou “novos golpes”: as propostas de emenda à Constituição para instituir o teto de gastos e as mudanças na Previdência, além da reforma trabalhista.
EDUCAÇÃO
O ex-presidente Lula já tinha deixado o palco quando decidiu voltar para anunciar que Ana Júlia Ribeiro, aluna que liderou o movimento estudantil na ocupação de escolas paranaenses em 2016, se filiaria só PT.
Lula contou que recebeu um telefonema dizendo “que uma tal de Ana Júlia queria falar” com ele.
Era a menina “que deu um show” ao discursar na Assembleia Legislativa do Estado, para defender sua causa.
“A nossa única bandeira é a educação. Somos um movimento apartidário, dos estudantes pelos estudantes”, disse ela então, aos 16 anos.
Lula anunciou que, “em resposta ao que fizeram” a ele, Ana Júlia decidiu entrar no partido. O ex-presidente já havia telefonado para a estudante antes.