O governador Marconi Perillo afirmou nesta segunda-feira, 25, em entrevista ao telejornal Bom Dia Goiás, da TV Anhanguera, que a construção do Sistema Produtor Mauro Borges evitou que “a situação do abastecimento da Grande Goiânia se tornasse um problema crítico e sem solução” diante dos sucessivos anos de redução do regime de chuvas em diversas regiões do País, entre elas a Centro-Oeste. Marconi disse que o acionamento do sistema, há duas semanas, vai gradativamente compensar a escassez de água do rio Meia Ponte, cuja água será exclusivamente destinada ao abastecimento de Trindade e Goianira, como resultado da transposição das águas do Ribeirão João Leite.
“Em 1999, eu planejei construir o Sistema Mauro Borges, no Ribeirão João Leite. Essa obra já custou mais de R$ 600 milhões, em valores atualizados são mais de R$ 800 milhões, e ainda vamos realizar o linhão (sistema de adutoras) até Aparecida de Goiânia. A sorte é que nós planejamos (o Sistema Mauro Borges), e agora nesse momento muito sério de falta d’água no Brasil, se nós não tivéssemos pensado lá atrás, estaríamos hoje em uma situação crítica”, disse Marconi. “Há cinco anos seguidos, o Meia Ponte tem baixado por conta da falta de chuvas. Vocês apresentaram agora há pouco a previsão do tempo, ainda vai continuar alguns dias sem chuvas. Há muitos anos, não tínhamos tanta estiagem como tivemos agora no Estado inteiro e no Brasil. Claro que tem haver com mudanças climáticas, dentre outros fatores”, afirmou.
O governador reconheceu as interrupções no abastecimento, resultado da redução do regime de chuvas e da conclusão das orbas, mas ponderou que a transposição dos sistemas vai resolver de vez o problema até 2040 (projeção feita com base na relação entre a água armenada e o crescimento populacional). “As pessoas têm razão de reclamar, mas o fato é que nós estamos fazendo a transposição dos sistemas João Leite para o Meia Ponte. Com isso, o Meia Ponte, daqui alguns dias, daqui alguns meses, vai ficar responsável apenas por Trindade e Goianira”, disse.
“O Mauro Borges vai cuidar de toda cidade de Goiânia e de toda cidade de Aparecida. Pelo que foi feito, são 40 milhões de litros de água reservada. Está tudo pronto aqui, só falta esse linhão para Aparecida. Não vamos ter problemas nas próximas décadas. Claro que outros governantes vão ter que pensar o que vai acontecer depois do ano de 2040, mas essa obra é uma obra monumental. É a maior obra de água do Brasil”, disse o governador. Marconi também afirmou que a Saneago está realizando obras de saneamento em todo o Estado e que a maioria dos problemas de abastecimento no interior se devem à falta de planejamento dos loteadores privados.
“Em muitos casos, loteadores constroem loteamentos e não têm autorização de licença da Saneago. Em algumas situações, esses empreendedores imobiliários constroem em parceria com a Saneago seus reservatórios. Mas, o grave problema em algumas cidades que cresceram muito, como é o caso de Itaberaí, é exatamente o fato desses loteamentos, esses residenciais serem feitos sem que haja, antes da construção, ou da comercialização desses lotes a viabilização de água”, alertou o governador, em resposta a pergunta de um telespectador. “Esse é um assunto que foge a responsabilidade da Saneago, muitas vezes. A não ser nos casos em que os loteamentos, os residenciais são feitos em parceria do governo do Estado com a Caixa Econômica Federal e com as prefeituras. Existe muito isso”, disse.
O governador Marconi Perillo concluiu a construção do Sistema Produtor Mauro Borges com a inauguração da Estação de Tratamento de Água (ETA), no último dia 19. O complexo foi projetado para garantir o abastecimento de água tratada de Goiânia e Aparecida de Goiânia até 2040, cuja previsão é de chegar a 3 milhões de habitantes nesta data. Uma das mais modernas da América Latina, a ETA completa as obras do complexo do Sistema Produtor Mauro Borges (SPMB), formado ainda pela Barragem Doutor Henrique Santillo (Barragem do Ribeirão João Leite) e pela Estação Elevatória de Água Bruta.
Em 2010, na primeira etapa, com a entrada em operação da Barragem João Leite, foi possível garantir a quantidade de água necessária para o abastecimento da Capital e de boa parte da Região Metropolitana. A barragem teve papel importante para regularizar a vazão do Ribeirão João Leite e garantir o abastecimento.
No final de 2016, entrou em operação o Elevatório de Água Bruta – segunda etapa do complexo, responsável por bombear a água do reservatório para a ETA, quase dois quilômetros rio acima. Uma unidade moderna, com tecnologia que garantiu à Saneago o prêmio Brasil de Engenharia 2010 e o 1º lugar na premiação concedida pela Eletrobrás/Procel/Abes em eficiência energética no saneamento, em 2009. O Elevatório utiliza a força da própria água para gerar a energia que move as turbinas. Durante boa parte do ano, essa tecnologia vai possibilitar redução significativa no consumo de energia, em um método sustentável de produção.
Agora, com a finalização da terceira etapa a partir da inauguração da ETA Mauro Borges, o complexo terá capacidade para produzir 4 mil litros de água tratada por segundo – com possibilidade de expansão para oito mil litros por segundo nos próximos anos; vai duplicar a atual capacidade de produção. Até o final deste mês, mais de 90 bairros de Goiânia serão abastecidos pela água do SPMB, maior obra de saneamento básico da Região Centro-Oeste e uma das maiores da América Latina. O complexo tem capacidade para reservar 40 milhões de litros de água tratada.