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Política
| Em 2 anos atrás

“Se continuar como está, a Comurg corre o risco de não existir mais”, alerta vice-presidente da CEI

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O vice-presidente da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que apura eventuais irregularidades na Comurg, Welton Lemos (Podemos) tem um diagnóstico positivo dos trabalhos que o colegiado tem feito neste primeiro momento. “Ainda há muito o que percorrer”, garante em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás. Mas reforça que se nada for feito, a companhia de coleta de lixo está fadada ao fim.

“Nós queremos trazer libertação para aquela empresa que é um patrimônio dos goianienses e que está correndo risco até de não existir mais, se continuar do jeito que está”, pontua. Apesar da esperança de um futuro bom, Welton relata que o cenário atual na companhia não é nada bom. “A Comurg está vivendo um período de opressão. É assédio moral, é desvio de dinheiro, é uma série de denúncias. E nós estamos apurando isso para saber se de fato tem, se tiver, nós vamos punir quem de fato está errado”, salientou.

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Em uma entrevista exclusiva ao Diário de Goiás, o vice-presidente da CEI da Comurg, Welton Lemos fala sobre a relação dos vereadores com o secretário Jovair Arantes (Republicanos), e os impactos que a comissão poderá provocar no Paço Municipal. 

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“No meu entendimento, é um cara que tem todo o know how para fazer um bom trabalho, porém, já estava vindo de uma relação desgastada há muito tempo, e ele pegou a coisa no meio do caminho, e vejo que houve uma falta de habilidade geral do Paço, no sentido de resolver os problemas da Comurg, resolver os problemas que estão instalados dentro do Imas, resolver os problemas da saúde.”

Welton lemos, vice-presidente da cei da comurg

Também descartou que haja qualquer pedido de impeachment do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) ao final dos trabalhos na CEI. “Não vejo isso. Sinceramente, não percebo que possa acabar desse jeito, até porque, do que foi feito aqui até agora, nada ligou ao prefeito. É uma gestão de alguém que está lá à frente da Comurg”, pontua.

Leia a entrevista na íntegra do vice-presidente da CEI da Comurg, Welton Lemos ao Diário de Goiás

Domingos Ketelbey: Qual o balanço o senhor faz dessas duas semanas iniciais da CEI da Comurg?

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Welton Lemos: O balanço é positivo, nós colhemos alguns esclarecimentos importantes para o andamento da CEI, para que avancemos para a próxima etapa. Nós temos muito ainda a percorrer, porque cada vez que ouvimos alguém aqui, é mencionado o nome de outra pessoa, os nomes de pessoas envolvidas nos contratos, nas gestões contratuais. Tudo isso eu vejo como sendo algo muito importante para o trabalho da CEI. 

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DK: Já dá para apontar um diagnóstico de eventuais impactos que os trabalhos podem promover na Comurg?

WL: Penso que, principalmente na Comurg, o impacto é muito positivo, porque a Comurg está vivendo um período de opressão. É assédio moral, é desvio de dinheiro, é uma série de denúncias. E nós estamos apurando isso para saber se de fato tem, se tiver, nós vamos punir quem de fato está errado. Ou melhor, nós vamos apresentar para as autoridades competentes para que seja punido. E nós queremos trazer libertação para aquela empresa que é um patrimônio dos goianienses e que está correndo risco até de não existir mais, se continuar do jeito que está. 

DK: Quais os próximos passos da CEI na Câmara dos Vereadores?

WL: Nós fizemos um requerimento para a CEI, com 120 dias prorrogáveis por até mais 120 dias. Porém, nós queremos dar celeridade aos trabalhos, por isso nós estamos trabalhando acelerado. Nós estamos acelerando os trabalhos porque o quanto antes resolver este problema, melhor para a empresa, melhor para o Paço Municipal, para a gestão, porque nós precisamos fazer a cidade andar, a cidade está parada. Os projetos não vêm para a Câmara, porque há um desgaste muito grande, um entrave muito grande nessa relação. Então, nós queremos destravar isso, queremos ver a cidade andando e a Comurg liberta disso que está acontecendo lá dentro. 

DK: Como está o relacionamento dos vereadores com o Paço Municipal? O secretário Jovair Arantes tem feito essa interlocução de que maneira?

WL: O secretário Jovair Arantes é um homem muito preparado. No meu entendimento, é um cara que tem todo o know how para fazer um bom trabalho, porém, já estava vindo de uma relação desgastada há muito tempo, e ele pegou a coisa no meio do caminho, e vejo que houve uma falta de habilidade geral do Paço, no sentido de resolver os problemas da Comurg, resolver os problemas que estão instalados dentro do Imas, resolver os problemas da saúde. Tudo isso cria uma dificuldade para os vereadores, e os vereadores vão suportando até um certo limite pressão popular, de quem votou, de quem nós representamos. E não houve uma solução para esse problemas e nem uma interlocução eficiente com a Câmara. Mas, eu vejo o Jovair como um homem preparado que tem condições de fazer um bom trabalho sim.  

DK: E o relacionamento do Paço e da Câmara tem melhorado?

WL: Não tem melhorado. Na verdade, depois que foi instaurada a CEI, eu percebo que essa interlocução piorou, e aí eu não entendo os motivos disso. Do próprio Jovair. Jovair começou fazendo uma articulação, não sei se em função da frustração de não ter conseguido instalar a CEI, pra mim ele sumiu do cenário. Não vejo nenhum trabalho de articulação, no sentido de ter uma interlocução com a Casa, e de fato, no momento, a situação não é boa. 

DK: Quais as principais demandas dos vereadores? Qual o diagnóstico para que haja um melhor relacionamento entre os Poderes?

WL: Acho que para melhorar nós temos que conversar sobre a gestão da cidade, nós precisamos ver o que a gestão está propondo para melhorar a saúde, para melhorar a questão da Comurg, para melhorar a questão do Imas, principalmente, esses 3. Mas tem muita coisa que precisa ser ajustada. No momento, nós temos um déficit de 4 mil vagas de Cmei na cidade, que não é culpa do secretário Bessa, que está fazendo um excelente trabalho. Falta de planejamento anterior. Mas quando você vê que há um trabalho eficiente, todo mundo releva. Então, nós precisamos de soluções para a cidade. Se os vereadores entenderem que a gestão trará solução para a cidade, pode ter certeza que os vereadores estarão apoiando. Eu, por exemplo, sempre votei favorável aos projetos do Paço, porque eu sei que beneficiam a cidade, que são projetos bons para a cidade. Nós não estamos aqui para fazer oposição por oposição, não. Agora também, nós não podemos ser subservientes, mandou para cá a gente vota. Mandaram do final do ano para cá, um adicional de 30 milhões para a Comurg. 30 milhões para quê? Qual a finalidade desse dinheiro? Muito estranho isso. Então nós pedimos para que fosse feito uma diligência para mostrar para nós quais os objetivos do dinheiro. Retiraram. Isso aqui não dá para votar, nós somos vereadores e temos responsabilidades também com a cidade.  

DK: Alguns levantam a possibilidade de impeachment do prefeito Rogério Cruz ao final dessa CEI. É uma realidade?

WL: Não vejo isso. Sinceramente, não percebo que possa acabar desse jeito, até porque, do que foi feito aqui até agora, nada ligou ao prefeito. É uma gestão de alguém que está lá à frente da Comurg. Eu vejo mais para que a gente possa chegar no final dessa CEI e apontar caminhos, caminhos para melhorar a gestão, caminhos para que a cidade tenha mais eficiência, que a Comurg tenha mais eficiência na prestação de serviços. Nós tivemos aqui 30 dias sem recolhimento de lixo, em bairros aqui próximos. Em bairros mais longes, mais periféricos, nós temos, até hoje, bairros que ficam até 3 semanas sem recolhimento de lixo. O que nós queremos é que solucione os problemas da Comurg para que o cidadão seja contemplado

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.