Levantamento realizado pela Secretaria de Saúde do Município de Aparecida de Goiânia identifica, por meio de sequenciamento genômico pelo menos 12 linhagens diferentes do novo coronavírus desde o inicio da pandemia, no entanto, apenas duas são consideradas pela Organização Mundial de Saúde como “variantes de preocupação”, de acordo com a diretora de Avaliação de Políticas de Saúde da SMS, Érika Lopes em entrevista à Rádio Bandeirantes Goiânia nesta quarta-feira (07/07).
Érika explica que as mutações podem proporcionar um maior poder de adaptação ao vírus original podendo ser mais infecciosas, contagiosas e com maior capacidade de avançar para situações graves. “É essa importância que a gente tem de acompanhar quais são as linhagens em circulação e as mutações que carregam e se estas mutações tem o poder de causar algum impacto na saúde da população”, explica.
A diretora explica que atualmente, quatro mutações estão presentes em Aparecida , mas apenas duas apresentam maior gravidade. “Atualmente, existem 4 que são a Alpha, Beta, Gama e Delta. São variantes que originaram do Reino Unido, África do Sul, Brasil e Índia, respectivamente. Em circulação em Aparecida de Goiânia temos duas dela: a gama que é a P1 originária em Manaus com proveniência de 75%. De todas as amostras sequenciadas em 2021, 75% delas foi a P1 que causou a Covid-19 e outras 2% que foi a B.1.1.7 que é a Alpha, variante do Reino Unido, nessa prevalência um pouco menor de 2%”, destaca.
Quetionada se as vacinas em aplicação no Brasil tem capacidade de imunizar tais variantes, Érika explica que sim, porém, existe a possibilidade de casos esporádicos de “escapes” da doença e até mesmo reinfecções. “O que existem de estudos até o momento é que essas variantes em circulação não tem tanto poder de escape imunológico, apesar de já termos alguns casos que já estavam vacinadas ou que já tiveram covid-19 e que voltaram a se infectar. São variantes que precisam ser monitoradas, de forma geral, as vacinas disponíveis no mercado protegem em relação as variantes, mas existem alguns escapes imunológicos”.
Ela pontua que na cidade já houveram 12 casos de reinfecção pela variante de Manaus. “Por exemplo: a questão da reinfecção, a pessoa que teve caso de Covid-19 e no mínimo 90 dias ela volta a se reinfectar. A gente já conseguiu comprovar 14 casos em Aparecida, e desses 14 casos, 12 o segundo caso foi pela P1, que é essa variante em maior prevalência.”
Programa de sequenciamento: maior do país
O programa de sequenciamento genômico utilizado em Aparecida de Goiânia é o maior do país, explica Érika. “Foi inspirado no modelo do Reino Unido que é o maior programa mundial, isso porque o Brasil ainda não realiza de forma ampla e sistemática o sequenciamento genômico dessas amostras. Até o momento já foram feitas 796 amostras sequenciadas e a gente tem um volume de amostras com resultado saindo semanalmente”, destaca.
A existência de um programa dá mais segurança a tomadas de decisão pelo Poder Executivo do município em relação à assuntos referentes à pandemia. “A gente já está há 1 ano e meio enfrentando essa pandemia. Quando ela começou era um vírus novo e ninguém tinha informação sobre como combater. Um ano e meio depois não podemos continuar com essa justificativa que se trata de um vírus novo. Existem formas da gente saber com o que estamos lidando e qual o potencial desse inimigo, uma dessas formas é o sequenciamento genômico. Através das análises nos mostra o genoma do vírus: quem ele é e o que ele pode causar. Dessa forma, a gestão pública consegue tratar medidas para poder diminuir o impacto.”