Tarde desastrosa para o São Paulo no Morumbi. O clube tricolor recebeu o Flamengo, neste domingo, e foi simplesmente massacrado na presença de seus torcedores. A equipe sofreu um apagão logo no início e viu o rival carioca sobrar e vencer a partida por 4 a 0 pela 32ª rodada do Brasileirão. O duelo também marcou o reencontro de Rogério Ceni com seu ex-time.
O treinador parecia ter plena convicção do que precisava ser feito: inspirar o ataque do São Paulo, mas, ao mesmo tempo, segurar o forte setor ofensivo do Flamengo. Ceni optou pela leveza, tanto para o ataque como para a defesa. Gabriel Neves foi titular pela primeira vez, enquanto Diego Costa voltou a atuar em uma partida após 3 meses. Porém, tudo começou a ruir cedo demais e qualquer estratégia ou surpresa que o treinador pudesse ter preparado foi por água abaixo.
24 segundos. Isso foi o necessário para Gabriel Barbosa abrir o placar para o Flamengo. O time rubro-negro começou frenético. Liziero vacilou na saída de bola e Andreas Pereira bateu a carteira. Bruno Henrique ficou com a bola e achou o camisa 9 que não teve dificuldades em colocar para dentro.
Depois, aos 3 minutos, Bruno Henrique tratou de ampliar. Éverton Ribeiro encontrou Michael na esquerda. O atacante, que completou 100 gols com a camisa do Flamengo, acelerou, invadiu a área e deu um passe para o companheiro ampliar. Início avassalador dos comandados de Renato Gaúcho.
Completamente desestabilizado, os problemas do São Paulo estavam só começando. Aos 9 minutos, Calleri deu um carrinho violento na canela de David Luiz. Leandro Pedro Vuaden puniu o argentino com o cartão amarelo. O VAR chamou o juiz, que conferiu a jogada nos monitores e retirou o castigo inicial e aplicou o vermelho direto. O time tricolor ficou completamente perdido. Reflexo disto, alguns minutos depois, Rigoni ficou cara a cara com Hugo, mas a bola bateu na canela e atrapalhou o atacante.
De um lado, o Flamengo com toda a calma do mundo para tocar a bola de um lado para o outro, enquanto do outro, o São Paulo parecia que jogava fora de casa, mesmo com um Morumbi com quase 50 mil torcedores. Sem um centroavante rival para atrapalhar, Hugo participou do jogo com o pé ao receber alguns passes recuados. Mesmo com uma vantagem enorme, os cariocas queriam mais e continuaram pressionando os paulistas no campo de defesa. O São Paulo estava nas cordas e o Flamengo queria o nocaute.
O jogo, assim como clima, estava quente. O primeiro arremate e único tricolor veio aos 18 minutos, com Liziero de fora da área. Hugo não teve dificuldades em encaixar a bola em seus braços. Pouco tempo depois, Matheuzinho, aos 21, deu um carrinho forte em Reinaldo e Vuaden foi pressionado, mas manteve a calma e aplicou o amarelo ao jogador carioca.
O primeiro tempo seguiu até seu fim com o roteiro esperado: o Flamengo completamente dominante e o São Paulo com imensas dificuldades para criar qualquer situação, sem oferecer perigo. Para não falar que tudo estava dando certo à equipe visitante, Rodrigo Caio saiu com dores na panturrilha, o que preocupou bastante o técnico Renato Gaúcho já que a final da Libertadores se aproxima. Ele precisa do defensor.
Aos 41, Michael fez o dele. Éverton Ribeiro cruzou, mas Léo afastou de cabeça. A bola caiu nos pés do camisa 19, que não se deixou intimidar pela marcação de Gabriel Neves. Ele gingou para dentro da área e acertou a bola no ângulo, sem chances para Volpi. Alguns minutos depois, pelo lado direito do ataque do Flamengo, Reinaldo se estranhou com o atacante rival após belo domínio de bola, o que causou uma confusão no fim do primeiro tempo, mas tudo foi controlado pelo árbitro, que apitou o fim da primeira etapa.
Na volta dos vestiários, Luciano, ovacionado pela torcida antes do jogo começar, foi a campo no lugar de Rigoni. Vitor Bueno, que logo no começo assustou Hugo, entrou na vaga de Marquinhos. No Flamengo, David Luiz deu espaço a Bruno Viana. O jogo deu uma esfriada na segunda metade. Os rubro-negros souberam administrar a diferença e o São Paulo continuou sentindo a desvantagem numérica, em campo e no placar.
Foi então que aos 10 minutos Michael, de novo, colocou a bola nas redes são-paulinas. No primeiro momento, ele chutou encaixado, mas dessa vez Volpi foi buscar. No rebote, Bruno Henrique vence Igor Gomes, cruzou rasteiro e o atacante flamenguista nem precisou se esforçar para marcar pela segunda vez. Apático, o São Paulo nada conseguiu fazer nos minutos que se seguiram.
Os dois treinadores optaram por fazer substituições próximos aos 30 minutos, mas nada que fizesse grandes diferenças no andamento do jogo, a não ser para dar um pouco de descanso a alguns atletas. Ceni reestruturou o setor defensivo com Orejuela, Shaylon e Bruno Alves, enquanto Renato optou por Kenedy, Rodinei e Piris da Motta. O duelo ficou mais lento e assim seguiu até o apito final. Não foram nem necessários os acréscimos.
No primeiro turno, os times se encontraram na 13ª rodada e o Flamengo aplicou um sonoro 5 a 1 no Maracanã. Desta vez, a humilhação veio no Morumbi. Os rubro-negros seguem na luta pela vice-liderança com o Palmeiras, mesmo adversário da final da Libertadores. Com 60 pontos, é muito difícil alcançar o Atlético-MG, que tem oito pontos de frente.
O São Paulo olha pra baixo e se preocupa. Com 38 pontos na 15ª colocação, está apenas cinco pontos acima do Juventude, o primeiro time na zona de rebaixamento do Brasileirão.
FICHA TÉCNICA:
SÃO PAULO 0 x 4 FLAMENGO
SÃO PAULO – Tiago Volpi; Diego Costa (Orejuela), Miranda, Léo e Reinaldo (Shaylon); Gabriel Neves (Bruno Alves), Liziero e Igor Gomes; Marquinhos (Vitor Bueno), Rigoni (Luciano) e Calleri. Técnico: Rogério Ceni.
FLAMENGO – Hugo; Matheuzinho (Rodinei), David Luiz (Bruno Viana), Rodrigo Caio (Gustavo Henrique) e Renê; Willian Arão (Piris da Motta), Andreas Pereira e Éverton Ribeiro; Michael, Bruno Henrique e Gabriel Barbosa (Kenedy). Técnico: Renato Gaúcho.
GOLS – Gabriel aos 24 segundos, Bruno Henrique aos 3 e Michael aos 41 minutos do primeiro tempo; Michael aos 10 do segundo.
CARTÃO AMARELO – Matheuzinho (Flamengo) e Shaylon (São Paulo).
CARTÃO VERMELHO – Calleri (São Paulo).
JUIZ – Leandro Pedro Vuaden (RS).
PÚBLICO – 47.855 mil torcedores
RENDA – R$ 2.742.156,00.
LOCAL – Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP).
(Conteúdo Estadão)