Depois de um crescimento tímido em 2017, o Santander Brasil espera aumentar as concessões de crédito imobiliário neste ano, com uma expectativa de emprestar R$ 1 bilhão por mês nessa linha a partir do segundo trimestre.
A meta é ousada: se tornar, potencialmente, líder no mercado imobiliário brasileiro, nas palavras do presidente do banco, Sérgio Rial.
Hoje, o Santander Brasil ocupa a 4ª posição entre os cinco maiores bancos no financiamento para aquisição e construção de imóveis, à frente apenas do Banco do Brasil de acordo com a Abecip (associação das entidades de crédito imobiliário). A líder é a Caixa, com R$ 16,4 bilhões financiados em 2017.
No ano passado, o banco fez aposta forte no segmento imobiliário, lançando um aplicativo para agilizar as contratações e reduzir o prazo de concessão para o intervalo entre 60 e 90 dias -antes, era de 90 a 120 dias.
O resultado no final do ano, porém, ficou abaixo da expectativa: crescimento de 3,5%, para R$ 28,1 bilhões.
“Você se prepara para algo maior, aconteceu 4% de crescimento, mas aconteceu 4% num mercado que alguns concorrentes não tiveram nenhum crescimento. Tudo é relativo. O 4% absoluto é pouco, o 4% no relativo não é desprezível”, afirmou.
Para este ano, Rial espera crescimento melhor. “Tem um componente de refinanciamento. Acho que a gente não faz isso por um ano. O objetivo é nos posicionarmos como potencialmente líderes no mercado imobiliário brasileiro. O Santander, como grupo, é super competente, líder na área hipotecária no mundo.”
O banco busca uma produção de R$ 1 bilhão por mês no crédito imobiliário. “Já seria uma produção que estaria entre as maiores do mercado. Esperamos ver isso de certa forma consolidado no segundo trimestre”, afirma.
Rial estima que o Santander continuará crescendo nas linhas em que avançou em 2017 -consignado (36,7%), cartões de crédito (18,1%), crédito pessoal (17,1%) e imobiliário. A expectativa do banco, porém, é de um aumento percentual menor.
No financiamento de veículos, o banco ainda mostra preocupação com a qualidade de crédito. “Mas, dado que o entorno parece ter melhorado, podemos também avançar um pouco mais em termos de cota de mercado, sem, com isso, criar uma erosão importante na questão dos devedores duvidosos.”
Rial comentou ainda a possibilidade de bancos privados assumirem a gestão do FGTS, hoje exclusiva da Caixa Econômica Federal.
“Interessa que o regulador continue em sua agenda de redução das assimetrias. Tem uma questão fundamental. É algo do cidadão, de cada um de nós. Que, por alguma razão, não é gerido por nós”, ressaltou.
“Acho que essa coisa de que é preciso um Estado tutelar para que a gente não faça bobagem, eu pessoalmente não acredito.”
Sobre o parcelamento sem juros, proposta que foi encaminhada ao Banco Central por empresas de cartões de crédito, Rial disse que a desconstrução desse modelo deve ser evitada no curto prazo.
“Qualquer coisa que você faça de forma súbita, seja ela qual for, com a melhor intenção, nós vamos estar confrontados com outras implicações que talvez não tenham sido totalmente mapeadas”, afirmou.
Ele avalia que é preciso sinalizar para onde se vai no redesenho do novo sistema financeiro. “O Brasil tem problema de indexação. Como vamos finalmente matar a indexação? Existe no salário mínimo, numa série de coisas que acabam permeando e gerando problemas”, disse.
O presidente do Santander diz que boa parte do modelo de cartões de crédito, parcelado ou não, se tornou um instrumento de capital de giro do sistema.
“Mexidas nisso de maneira repentina podem levar a um desafio. Não tem nada de errado no parcelado por si só. O que não está claro são os juros embutidos neste parcelado, a total transparência que passa no Brasil por juros, indexações e também impostos”, ressaltou. (Folhapress)