Aberturas de Copa do Mundo costumam reservar surpresas para os favoritos. A Argentina derrotada por Camarões em 1990 foi um exemplo. Houve também a campeã França, batida por Senegal em 2002. O Brasil contou com a ajuda da arbitragem para virar a partida diante da Croácia em 2014. A Rússia não teve o mesmo problema em 2018.
Apenas para ficar em alguns casos.
Em casa, no estádio Lujniki, em Moscou, a equipe da casa goleou por 5 a 0 nesta quinta (14) diante dos olhos do presidente Vladimir Putin. Mais do que isso, controlou a partida contra a Arábia Saudita e teve como único contratempo a lesão ainda no primeiro tempo de seu astro, o atacante Dzagoev. Seu substituto, Tcherisev, brilhou e anotou dois gols, que já são candidatos a serem os mais bonitos do Mundial.
Os russos tiveram a presença do zagueiro e lateral brasileiro Mario Fernandes. Ele participou pouco do jogo, até porque o adversário não atacou.
Apesar da fragilidade dos árabes, a Rússia começou a partida de forma cautelosa. Sem a bola, toda a equipe recuava, menos o atacante Smolov. Era um receio infundado. Quando começou a trocar passes curtos e explorar as laterais do campo, a seleção deu motivos para seus torcedores festejarem. Os zagueiros da Arábia Saudita mal saíam do chão para tentar cortar os cruzamentos.
Por isso que Gazinski, com apenas seis jogos pela Rússia, todos em amistosos, fez o gol mais importante do país na competição desde que a geração de 1986, quando o elenco liderado pelo goleiro Dasaiev e pelo atacante Blokhin levaram a então União Soviética às oitavas de final na Copa do México. Convocado para o lugar do ex-capitão Glushakov, ele abriu o placar de cabeça aos 11min.
Dirigida pelo chileno Juan Antonio Pizzi, a Arábia Saudita teve uma chance para marcar, o que já foi uma façanha para equipe que não tem meio-campo, não consegue armar jogadas e não possui sequer um atacante de referência para incomodar os zagueiros rivais.
Os desafios reais da Rússia estarão nas duas rodadas seguintes. Se puder escalar o ainda lesionado atacante Mohamed Salah, o Egito será a ameaça. O Uruguai, rival na última partida da fase de grupos, tem conjunto, entrosamento e os gols de Luis Suárez.
Mas havia o temor pelo que poderia acontecer na estreia. Entre as 32 seleções do torneio, a Rússia é a de pior posição no ranking da Fifa (70º). A Arábia Saudita é a 67ª. A estreia na Copa do Mundo foi a primeira vitória da seleção em 2018.
A facilidade com que o resultado aconteceu tornou o ambiente morno, a não ser por breves coros de “Rússia!” de parte do público. Alguns mexicanos até ensaiaram o canto da tradicional canção “Cielito lindo” (ceuzinho lindo, em espanhol). Os russos ao redor olharam, com expressão de estranhamento, sem entender o que era aquilo.
O clima era de relaxamento porque quando o intervalo chegou, estava claro pelo placar de 2 a 0 que confronto estava decidido. A cabeçada certeira do atacante Dzyuba, que entrou no segundo tempo e representou o terceiro gol dos donos da casa, foi apenas a confirmação do que ficou claro desde o primeiro minuto do jogo de abertura da Copa.
A Rússia pode brigar para se classificar. A Arábia Saudita não tem a menor ideia de como se defender, ainda mais em bolas aéreas. Só faltava o goleiro Almuaiouf falhar. Isso aconteceu no quinto gol, em cobrança de falta de Golovin nos acréscimos. (Folhapress)
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