Por mais que o País avance em todos os campos sociais na maioria dos Estados – apesar do índice tímido da economia – a declaração da governadora Roseana Sarney (PMDB) de que o Maranhão está mais rico é um tiro certo no próprio pé. Representante de uma família que domina a política do Estado há 40 anos, o Maranhão, comprovam os números e fatos, pouco mudou desde a estreia do pai no Palácio dos Leões – aliás, de uma riqueza impressionante a sua iluminação noturna.
O Maranhão é o Estado onde a governadora prometeu na campanha eleitoral construir 72 hospitais – ganha uma UTI quem encontrar metade disso (UPA não é hospital). É de lá que partem jatinhos com seus políticos – do clã ou aliados – quando alguém passa mal. Confiam tanto nos hospitais da capital maranhense que voam para o Sírio Libanês em São Paulo. É a capital onde uma facção chamada Bonde põe para correr as viaturas da PM; onde o pau come na penitenciária repleta de regalias, assim como no palácio, onde se come lagostas e camarões VG. É onde o trio herdeiro de Sarney é apresentado como santos num memorial, enquanto grande parte da população desfia um rosário de críticas à família. São fatos, não meandros textuais.
Aceitem ou não os mais críticos, José Sarney foi um bom presidente de transição democrática, e em especial para dezenas de carreiras de servidores públicos. Mas descontou no Maranhão a sua incompetência, e hereditária. Apegado ao Poder (é uma peculiaridade dos políticos), agora cansado e em retirada, quer fazer da filha Roseana a primeira mulher eleita para a Presidência do Senado, na carona do sucesso de Dilma Rousseff. Foi o que tratou há meses, eis o bastidor:
Num ensolarado domingo de setembro passado, José Sarney reuniu em sua mansão em Brasília um petit comitê de poderosos aliados, entre eles o atual presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o vice-presidente da República, Michel Temer. Renan e Sarney combinaram o seguinte em trato de cavalheiros: Sarney usa sua força política em Alagoas e em Brasília para ajudar Renan ou seu filho, Renanzinho, a se eleger governador do Estado este ano. Em contrapartida, Renan angaria o apoio de seu grupo suprapartidário que o reconduziu ao comando do Senado para eleger Roseana, em 2015 ou 2019, presidente do Congresso. Porque, sim, Sarney dá como certa a vitória da filha à Casa Alta na disputa de 2014. Mas o que o Maranhão tem a ver com o projeto político-pessoal do grupo? É só o entreposto eleitoral.
Prefeito Cinza-caju
Aconteceu no início de 2013. A presidente Dilma Rousseff chegou ao novo Instituto de Traumaortopedia no Rio, para inauguração, na zona portuária. Estava com ministros, e viu o prefeito Eduardo Paes (PMDB). Mandou para ele:
– Você está pintando o cabelo!!
Paes, ao lado do governador aliado Sérgio Cabral (PMDB), desconversou:
– Que é isso!? Não estou não, presidenta…
Cabral entrou no papo, mirando o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ao lado da presidente e conhecido por pintar de preto os seus fios:
– Dilma, quem pinta é o Lobão.
Risos, mas a presidente não se deu por vencida e cravou para o prefeito:
– Você está pintando sim, e até te digo qual é a marca. É igual ao meu, cinza-caju.
Paes amarelou.
Ponto Final
Pior que o anúncio de venda de negros a R$ 1 no Mercado Livre foi descobrir que 152 internautas ‘curtiram’ a página.
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Com Maurício Nogueira, Luana Lopes e Equipe DF e SP