Em apresentação no Maracanã nesta quarta (24), Roger Waters prestou homenagem a Marielle Franco, vereadora do Rio assassinada no dia 14 de março. Ele chamou ao palco a viúva de Marielle, Mônica Francisco, a irmã e a filha da vereadora Anielle Franco e Luyara Santos.
“Marielle Franco acreditava nos direitos humanos como eu acredito, mas infelizmente nem todos no mundo acreditam”, disse Waters, que exibiu em um telão reportagem de jornal britânico que noticiou a morte da vereadora, ocorrida em março, mas ainda não elucidada pela polícia.
“A gente precisa de vocês com a gente, pedindo justiça”, disse Anielle, para logo depois Mônica puxar um coro de “justiça”, acompanhada por parte da plateia. Foram ouvidas algumas vaias e a reportagem viu um princípio de briga na pista Premium. “Eu paguei para ver ele cantar!”, gritava um dos contrários à homenagem.
Waters vestiu uma camisa com os dizeres “Lute como Marielle Franco” e, após a saída da família de Marielle, emendou a música “Mother”, exibindo no telão a expressão “nem fodendo”.
Eleita pelo PSOL, Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos a tiros após deixar um evento na Lapa, região central do Rio.
O crime foi alçado ao debate eleitoral depois que apoiadores de Bolsonaro, incluindo o deputado federal eleito Rodrigo Amorim (PSL), rasgaram uma placa que homenageava a vereadora em ato de campanha com participação do candidato ao governo do Estado, Wilson Witzel (PSC).
Waters já havia homenageado, em Salvador, o mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê, morto a facadas após discussão política em um bar na capital baiana.
No show do Maracanã, por diversas vezes, eleitores contrários à Jair Bolsonaro (PSL) puxaram o coro “Ele Não”, mas foram abafados por vaias dos apoiadores do capitão reformado.
No Rio, Bolsonaro teve 59,79% dos votos válidos no primeiro turno, percentual maior do que a média nacional, de 46,03%.
Waters contou com a participação 12 crianças e adolescentes do projeto social EducaGente, da Associação Beneficente São Martinho, que fizeram o coro em “Another brick in the wall (Part 2)”.
A apresentação no Rio é a antepenúltima da turnê Us + Them no Brasil. Na estreia, em São Paulo, o músico recebeu muitas vaias ao exibir os dizeres #EleNão no telão.
Em entrevista na sexta (19), ele agradeceu às vaias e disse que a reação foi importante para chamar atenção ao debate político proposto pelo show.
Waters chamou de corrupto e insano. “O que ele fala não deveria ser assunto para nenhuma argumentação em qualquer lugar do mundo”, afirmou na entrevista.
A turnê passará ainda por Curitiba, no sábado (27), véspera da eleição, e por Porto Alegre, na terça (30). (Folhapress)
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