Sem indicadores econômicos e com trégua no noticiário político, o risco-país atingiu, nesta segunda-feira (7), o menor patamar em 32 meses, devolvendo toda a aversão de investidores provocada pela crise desencadeada pelo empresário Joesley Batista, da JBS. No mercado financeiro, a Bolsa fechou no azul e o dólar encerrou o dia estável.
O CDS (credit default swap), espécie de termômetro da percepção de risco de um país, recuou 2,29%, a 194,8 pontos. É o menor patamar desde 29 de dezembro de 2014. Foi o sétimo dia seguido de queda do indicador.
A redução do CDS reflete a vitória obtida pelo presidente Michel Temer na última quarta-feira (2) contra a denúncia de corrupção passiva que enfrentava na Câmara dos Deputados. Agora, a expectativa do mercado é que o governo retome a pauta de reformas que vinha tocando antes das turbulências provocadas pelas delações de Joesley, em maio.
“Na verdade, poucos são os que acreditam que o governo conseguirá emplacar reformas de impacto, e isso já estaria também precificado. Porém, alguma coisa ainda sairá”, afirma Alvaro Bandeira, economista-chefe do home broker Modalmais, em relatório.
“O problema está nos boatos que circulam no mercado sobre mudanças na meta, pacote de medidas tributárias, incluindo maiores alíquotas de IR para pessoas físicas (30% ou 35%), tributação de dividendos e de aplicações financeiras. Isso pode gerar algum mau humor entre os investidores”, complementa.
O risco-país voltou ao patamar que estava antes da posse da ex-presidente Dilma Rousseff para cumprir seu segundo mandato, que foi interrompido pelo processo de impeachment concluído em agosto de 2016.
No mercado acionário, o Ibovespa fechou com alta de 1,56%, para 67.939 pontos, maior nível desde 16 de maio, quando a Bolsa estava em 68.684 pontos.
O volume financeiro negociado foi de R$ 7,9 bilhões, pouco acima da média diária do ano, de R$ 7,77 bilhões. Das 59 ações do Ibovespa, 53 subiram, cinco caíram e uma encerrou o dia estável.
A forte valorização das ações da Vale ajudou a impulsionar o Ibovespa, após a alta de 2,77% dos preços do minério de ferro. Os papéis mais negociados subiram 4,35%, para R$ 30,24. As ações com direito a voto avançaram 3,81%, para R$ 32,42.
A maior alta do Ibovespa foi registrada pelos papéis da CSN, com ganho de 8,67%. As preferenciais da Usiminas também subiram (+5,26%), na esteira da alta do minério.
Os papéis da Petrobras fecharam em alta, apesar da desvalorização dos preços do petróleo no exterior. As ações mais negociadas da estatal subiram 1,12%, para R$ 13,55. Os papéis com direito a voto tiveram alta de 0,86%, para R$ 14,02.
Em relatório, o banco Goldman Sachs disse que os dados para o período de maio a junho sugerem que a demanda global por petróleo permanece forte, impulsionada pelo crescimento econômico robusto.
“Os dados de Estados Unidos, Japão, Índia, China, Coreia do Sul, Brasil, México, Espanha e França, que respondem por 52% da demanda global e têm correlação de 80% para seu crescimento, implicam em um aumento de demanda global em junho de 1,54 milhão de barris por dia (bpd) na comparação anual”, disse o banco.
No setor financeiro, os papéis do Itaú Unibanco subiram 1,58%. As ações preferenciais do Bradesco avançaram 1,16%, e as ordinárias ganharam 1,69%. Os papéis do Banco do Brasil tiveram valorização de 1,55%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil avançaram 1,34%.
No mercado cambial, o dólar comercial fechou estável em R$ 3,126. O dólar à vista subiu 0,23%, para R$ 3,127.
No exterior, a moeda americana terminou o dia sem sinal definido: o dólar se valorizou ante 16 das 31 principais divisas mundiais.
Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 subiram de 8,185% para 8,190%. Os contratos para janeiro de 2019 tiveram alta de 7,990% para 8,040%. (Folhapress)