Coordenada por Deltan Dallagnol e sofrendo algumas críticas por setores jurídicos e da imprensa, a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba pode ter data para não mais existir. No dia 9 de setembro, exatamente daqui um mês, terá seu prazo de funcionamento expirado. A sobrevivência da Força-tarefa está nas mãos da procuradora geral da República, Raquel Dodge. As informações foram publicadas neste sábado (10/08) pela jornalista Monica Bergamo, em sua coluna na Folha de São Paulo.
O mandato de Raquel Dodge na PGR termina no próximo domingo (18/08) e ela é quem tem o poder de renovar o prazo.
Apesar de ter sido alvo de críticas de Dellagnol, publicizadas em vazamentos de mensagens por meio do El País e The Intercept, a tendência, de acordo com alguns procuradores é que ela dê o aval para a continuidade da força-tarefa.
Mensagens vazadas
Reportagem publicada na última quinta-feira (08/08) pelo jornal El País mostra uma série de mensagens que Deltan Dellagnol trocou com procuradores e também com o ex-procurador Geral da República, Rodrigo Janot.
O tom das mensagens é crítico à Raquel Dodge e saudosista com relação a Rodrigo Janot. “Da saudade do Janot”, escreveu ao encerrar uma conversa com procuradores. Os procuradores na conversa reclamavam que Dodge sairia de férias sem resolver “pendências” relacionadas a um acordo. Pela agenda publicada no site do MPF, a procuradora, de fato, tirou férias no período: entre 4 e 18 de julho. No dia seguinte, o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, propõe aos colegas, no mesmo chat, pressionar Dodge “usando” a imprensa “em off”, passando informação a jornalistas sem se identificar, estratégia sugerida diversas vezes pelo procurador. “Podemos pressionar de modo mais agressivo pela imprensa”, propõe. Outra opção era encostar Dodge contra a parede e apresentar um prazo limite para o encaminhamento. “A mensagem que a demora passa é que não tá nem aí pra evolução as investigações de corrupção, se queixa.
Em outra conversa entre Dallagnol e Janot o procurador dispara um elogio: “Você merece um monumento”. Isso porque Rodrigo foi um dos principais responsáveis pela criação da força-tarefa: “O maior diferencial é que Vc, por características pessoais, permitiu que esse trabalho integrado acontecesse, a começar pela criação da FT e todo apoio que deu e dá ao nosso trabalho”, disse ouvindo apenas um “Obrigado” do ex-procurador Geral da República.