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Categorias: Brasil
| Em 6 anos atrás

Rio de Brumadinho desce de nível e cidade é tomada por boataria, diz morador

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Moradores de Brumadinho (MG) viveram momentos de tensão com o rompimento de pelo menos uma barragem da mineradora Vale na cidade, na tarde desta sexta-feira (25). 
Neste momento, uma onda de boatos toma conta do local. Os relatos são agravados pelo fato de que o rio Paraupebas, que corta a cidade, desceu de nível próximo ao centro. 
Moradores acreditam que a onda de lama e rejeitos vindo da barragem rompida tenha fica represada em algum ponto e que a qualquer momento uma enxurrada pode varrer os bairros que ficam à beira do rio e também próximos a córregos que conectam com o Paraupebas. 
Bombeiros, Defesa Civil e policiais militares e civis percorrem as áreas de risco da região orientando moradores a deixarem suas casas. De acordo com o Corpo de Bombeiros local, pelo menos 200 pessoas estão desaparecidas. 
O rompimento ocorreu na zona rural da cidade, cerca de 16 quilômetros do centro, que está com comércio fechado e ocupado por moradores em busca de informações. 
Segundo relatos da população local, o refeitório para os funcionários da Vale que fica dentro das instalações da mineradora foi atingido pela onda de lama, assim como um restaurante que é popular entre os moradores da zona rural próxima às instalações da empresa. 
O rompimento ocorreu próximo da hora do almoço, quando esses lugares estavam com muito movimento, segundo moradores locais. Os bairros mais afetados seriam o Córrego do Feijão, São Conrado e Pires. 
“Parece que a lama destruiu tudo por lá e muita gente foi soterrada. Achamos que tem muito corpo naquela área”, disse à reportagem o morador local e comerciante Victor Monteiro dos Reis, 33. 
A principal ponte de acesso à cidade, que fica no centro e que passa sobre o rio Paraupebas, foi interditada pelos bombeiros.
Segundo Reis, por volta das 13h começaram a surgir nos aplicativos de mensagens de celular a informação do rompimento da barragem. 
Ele, que mora próximo ao centro, mas na beira do rio, recolheu seus pertences de valor, colocou seus móveis em locais altos da casa temendo a enxurrada e correu para o centro, nesse momento o local menos afetado da cidade.
Inicialmente, o comerciante disse que achou que era boato, já que desde o desastre em Mariana (MG) é comum que mensagens do tipo circulem pelos celulares na região.
“Na hora do almoço começou a pipocar uma porção de mensagens falando que estourou uma barragem. Eu achei que fosse mentira, mas uma das mensagens era do do meu pai, avisando para eu sair de casa e me proteger. Eu arrumei o que dava para arrumar e vim pro centro correndo”, disse. 
Ainda segundo Reis, os moradores estão atônitos e apreensivos. A cidade abriga outras duas barragens da mineradora. Há a suspeita, ainda não confirmada pela Vale e por ora classificada como boato, de que uma segunda barragem, esta de água, teria se rompido também. 
“Aqui no centro, o rio está assoreado com tanta lama. O curso, inclusive, mudou de direção. O risco é que essa lama esteja represada em algum lugar no meio do caminho e quando esses rejeitos descerem arrastarem tudo o que estiver no caminho. Estamos todos muito apreensivos aqui sem saber o que é verdade ou não”, disse. 
Reis explicou que além do rio Paraupebas, a cidade é cortada por diversos córregos, cujas margens são ocupadas por residências. O temor, neste momento, é que uma nova enxurrada atinja áreas ainda não afetadas pela lama. (LUCAS VETTORAZZO, RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.