O ex-presidente da UTC, Ricardo Pessoa, afirmou em depoimento ao juiz Sergio Moro, nesta segunda-feira (8), que não tratou de propina com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou com o ex-ministro Antônio Palocci.
Segundo Pessoa, os pagamentos para o PT eram acertados com o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto. Os repasses eram determinados, ainda de acordo com o empreiteiro, com base em porcentagens do valor dos contratos entre a UTC e a Petrobras.
“Eu me reunia sistematicamente com Vaccari no meu escritório da UTC, em São Paulo, e a gente fazia um controle, praticamente uma planilha, de obra a obra”, disse.
Pessoa afirmou ainda que a maior parte desses pagamentos de propina era feita por meio de doação ao diretório nacional do PT. Além disso, segundo ele, em épocas de campanha, a UTC realizava doações que não eram ligadas às obras.
O empreiteiro fechou acordo de delação premiada com a Lava Jato em 2015 e depôs como testemunha em ação penal que tem Lula, Palocci, Marcelo Odebrecht e outros seis como réus.
Lula responde por crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro relacionados à empreiteira Odebrecht.
A defesa do ex-presidente ressaltou o fato de o petista não ter sido acusado por Pessoa e afirmou que, na denúncia, “as imputações são vagas e genéricas e a acusação a Lula francamente especulativa”.
Pessoa disse que o ex-diretor da Petrobras Renato Duque o apresentou a Vaccari. A propina no setor de Serviços da estatal era dividida entre o ex-tesoureiro do PT e o gerente da Petrobras Pedro Barusco, subordinado a Duque.
O delator também confirmou o pagamento de propina ao setor de Abastecimento, comandado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, cujos intermediários eram o doleiro Alberto Youssef e o ex-deputado José Janene, morto em 2010.
“Se pagava propina porque nós eramos instados a colaborar tanto com o PP, através do diretor Paulo Roberto e José Janene, isso depois ficou a cargo do Youssef, e a diretoria de Serviços, que ficava uma parte dentro da casa, dentro da própria companhia, com o Barusco [], e também uma parte com João Vacari, que era para o Partido dos Trabalhadores. Se pagava porque éramos cobrados”, disse.
Pessoa confirmou ainda a existência de um cartel de empresas, cujos dirigentes se reuniam para combinar quem ficaria com cada obra da Petrobras. A propina era determinada e paga depois da formação dos consórcios, segundo ele. (Folhapress)