Em mais uma edição do Bate-Papo com Internautas, o governador Marconi Perillo detalhou nesta segunda-feira (12/9) as medidas adotadas pelo Governo de Goiás para reduzir o impacto da crise econômica nas contas do Estado. Marconi abordou as medidas e respondeu as perguntas dos internautas acompanhado pela secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão, que coordenou a execução do programa.
“Os ajustes vão continuar. Em tempos de crise não há outro caminho. Estamos buscando identificar fontes de receitas que garantam a conclusão dos investimentos que foram iniciados”, afirmou Marconi. “Nosso foco é terminar as duplicações, hospitais, escolas, presídios e as obras de saneamento básico. Queremos transformar Goiás cada vez mais em um pronto do ponto de vista da logística e da infraestrutura”, disse o governador.
O ajuste fiscal promovido pelo Governo de Goiás resultou em economia de R$ 3,5 bilhões, evitando interrupções no pagamento das obrigações do Estado com serviços essenciais, como Educação, Saúde e Segurança Pública, e da folha do funcionalismo – quitada rigorosamente em dia mesmo nos meses mais agudos da crise, em 2015. Durante o Bate-Papo com Internautas, Marconi afirmou que a determinação do governo em promover o ajuste garantiu a Goiás uma situação fiscal bem mais confortável que a de outros Estados.
O governador afirmou que, além de garantir o equilíbrio fiscal, as medidas de ajuste permitiram a manutenção dos investimentos públicos – pavimentação e recuperação de rodovias, inauguração do Hospital de Urgências Otávio Lage (Hugol), do Centro de Referência e Excelência em Dependência Química (Credeq) de Aparecida de Goiânia, continuidade das obras de construção de presídios, Institutos Tecnológicos (Itegos), conclusão do Parque do Autódromo, entre outras. A secretária da Fazenda ressaltou, por sua vez, a eficiência do ajuste fiscal abriu caminho para a retomada do crescimento sustentável da economia goiana e a continuidade na atração de invesitmentos privados.
Antes do Bate-Papo com Internautas, Marconi apresentou os últimos números da Balança Comercial de Goiás, com o desempenho das exportações do Estado para o exterior. O governador afirmou que, em agosto, as exportações goianas alcançaram a cifra de US$ 530,2 milhões de dólares e as importações totalizaram US$ 266,1 milhões, o que representou um crescimento de 15,31%, em relação ao mesmo mês de 2015, e de 15,65% em relação a julho deste ano.
Leia a entrevista na íntegra:
Crescimento econômico e ajuste fiscal
“Apesar dos resultados já serem positivos, ainda estamos com as luzes amarelas acesas”, diz Marconi
Marconi: Um dado importante que precisa ser explicado é a composição do PIB Goiás. Ao contrário de quase todos os outros Estados, nós temos um PIB industrial muito relevante, por volta de 26%. Enquanto em outros Estados em desenvolvimento isso chega a 12%. O PIB agrícola chega a 11% em Goiás. E o de serviços chega a 60%. Se considerarmos o agronegócio que passa por essas três esferas de produção, nós chegamos a quase 70% de participação do agronegócio na composição do PIB. Nós exportamos hoje 420 produtos diferentes para o exterior para mais de 60 países. Temos uma economia diversificada. É importante dizer também aos internautas que estamos permanentemente com as mãos firmes no equilíbrio fiscal e financeiro do Estado. Nós fizemos ano passado uma grande renegociação dos aumentos que estavam previstos em leis e que serão cobrados no final de 2016. Logo, estamos com as luzes amarelas acesas. Se não tomarmos as medidas necessárias, podemos viver uma situação difícil como outros Estados brasileiros. Pagamos em dia a folha de pagamentos, mantivemos funcionando bem os principais serviços oferecidos pelo Estado e também os programas sociais.
Ana Carla: O agronegócio é definitivamente nos ajudou a passar de forma mais suave pela crise do ano passado. Mas do ponto de vista de arrecadação, o agronegócio não gera impostos nem para Goiás, nem para o Brasil. Mas a importância do agronegócio é fundamental porque tem um efeito multiplicador na economia. Geram empregos e gera renda, o que faz com a economia gira. O agronegócio no Centro-Oeste brasileiro tem um papel importante em atenuar esses ciclos que atingem a indústria. O que nós percebemos nesse momento é que a indústria começa a mostrar sinais de recuperação.
Desempenho da economia de Goiás
“Goiás tem uma economia muito forte, apesar da crise”, afirma Ana Carla
Marconi: Nós divulgamos hoje nossa balança comercial dos primeiros oito meses do ano 2016, que se comparado a janeiro a agosto do ano passado, nós tivemos um saldo de 15% a mais em relação ao ano passado. No mês de agosto nós tivemos também um saldo positivo. O fato é que neste ano nós já temos um saldo exportador de dois bilhões e 600 milhões de dólares. Exportamos mais de quatro bilhões de reais e eu acredito que chegaremos ao final do ano com mais de três bilhões e quinhentos milhões de dólares de saldo exportador. Nosso PIB também teve um desempenho um pouco melhor que o PIB nacional
Ana Carla: Goiás tem uma economia muito forte e é resiliente. Conseguimos, mesmo com a situação que o país viveu ano passado, mostrar sinais de recuperação muito forte. É claro que existiu uma agenda de ajustes feitos paralelamente que permitiu a economia a voltar para os trilhos. Esses ajustes feitos pelo governador Marconi Perillo geraram confiança no mercado. Outro fator fundamental foi a liderança de tomar a frente do que deveria ser feito para que a economia crescesse. Em relação às perspectivas o que sabemos é que no caso de Goiás o pior já passou. Além da balança comercial, temos dados de arrecadação que evidenciam que alguns setores esboçam sinais de crescimento. A arrecadação tributária cresceu cerca de 12% no primeiro semestre e esse é um número importante. Vários Estados estão em cada de arrecadação. De fato, conseguimos renegociar a dívida com o governo federal e Goiás teve um protagonismo nisso. E investimos muito também na eficiência fiscal. Goiás não fez aumento de impostos para aumentar a arrecadação. Nós investimos na eficiência fiscal e no combate à sonegação fiscal e na justiça fiscal. Hoje trabalhamos de forma muito contundente para evitar concorrência desleal – onde uns pagam impostos e outros não pagam.
Renegociação das dívidas com a União
“Um Estado precisa de lideranças fortes e uma boa equipe”, afirma Marconi
Marconi: Um Estado precisa ter lideranças fortes e com credibilidade. E um governo precisa ter uma boa equipe, com força nacional. Atuei agindo no Senado, na Câmara, no Supremo Tribunal Federal e também junto ao Executivo federal. Procurei articular com meus colegas governadores, o mesmo fez a secretária Ana Carla com seus colegas de outros Estados. Tive uma ajuda muito grande da senadora Lúcia Vânia e do senador Wilder Morais e também da bancada federal. A população quer saber como o País chegou nessa crise. Tivemos muitas medidas equivocadas, além de problemas externas como a queda no preço das commodities. Mas tivemos muitos desacertos internos por parte da União. Vejam, por exemplo, a política no setor elétrico. A política equivocada que foi colocada em prática a partir de 2012 quase que quebrou todas as empresas de geração, transmissão e distribuição do país. Nós temos a Celg que é 100% pública e quando houve a mudança na política do setor elétrico, nós tínhamos R$ 70 milhões de rendimento anual. Com a mudança, caímos para R$ 11 milhões. Nós quase fechamos a Celg. Se não fosse nossa ousadia, teríamos perdido o ativo de geração e transmissão de energia. Hoje a Celg participa dos leilões de construção de geradoras, de pequenas centrais hidrelétricas, construção de subestações. Isso tudo é lucrativo para a empresa. A Celg vai chegar agora aos R$ 50 milhões de rendimento anual e, no ano que vem, chegaremos a R$ 150 milhões de resultado financeiro anual. Se lá traz tivessem feito com a Celg D o que nós fizemos com Celg geração e transmissão, nós não estaríamos hoje precisando privatizar. Após a venda do principal ativo de distribuição que a empresa tinha que era a usina de Cachoeira Dourada, a Celg se arrastou ao longo do tempo como uma empresa inchada, ao contrário da Celg transmissão que só tem 170 funcionários. Nesta área de energia e em muitas outras, foram tomadas medidas muito equivocadas no país.
Perspectivas para 2017
“Em 2017 os ajustes vão continuar e estamos buscando receitas que garantam a conclusão dos investimentos iniciados”, afirma governador
Marconi: Os ajustes vão continuar. Em tempos de crise não há outro caminho. Estamos buscando identificar fontes de receitas que garantam a conclusão dos investimentos que foram iniciados. Nosso foco é terminar as duplicações, hospitais, escolas, presídios e as obras de saneamento básico. Queremos transformar Goiás cada vez mais em um pronto do ponto de vista da logística e da infraestrutura.
Ana Carla: Vivemos um momento importante de participação da sociedade em toda essa discussão. O governo de Goiás está buscando a retomada dos investimentos e um ambiente para que a iniciativa privada se desenvolva. E é importante que os goianos participem desse debate. Nós olhamos para 2017 com um otimismo moderado, sem descuidar das contas.