A ‘ressaca’ da sessão em que se aprovou a reforma trabalhista na madrugada desta quinta-feira (27) esvaziou a Câmara dos Deputados pela manhã. Como consequência, várias comissões foram canceladas, inclusive que discute a reforma da Previdência.
Com isso, a última sessão de debates foi adiada para terça-feira (2), atrasando em ao menos um dia a votação no colegiado, cuja previsão era de que ocorresse na terça e agora remarcada para começar na tarde de quarta-feira (3).
Some-se a isso outros dois fatores. Com a greve geral convocada para esta sexta-feira (28), parlamentares estão antecipando para esta tarde seus voos de volta aos Estados de origem.
Além disso, havia um temor em realizar a votação um dia após o feriado do Dia do Trabalhador (1º), tradicionalmente marcado por manifestações pelo país.
No momento em que o presidente da comissão especial do impeachment, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), decidiu encerrar a sessão desta manhã, o painel marcava presença de 19 dos 70 membros (36 titulares e 34 suplentes). Havia apenas oito parlamentares presentes de fato no momento.
“Vamos ter dois dias de trabalho [na próxima semana]. Acredito que a pauta em plenário vai ser menos intensa”, disse Marun para justificar que será possível esgotar na terça-feira a lista de 16 oradores inscritos para falar por 15 minutos cada, além dos líderes partidários, que podem falar pelo mesmo tempo.
O adiamento foi discutido com o presidente Michel Temer, nesta manhã, em uma reunião no Palácio do Planalto.
Como a Folha mostrou nesta quinta, o governo está ciente de que ainda está longe dos 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência na Câmara e, por isso, já trabalha com a possibilidade de votá-la em plenário somente em junho.
Apesar de o Planalto acreditar que tem votos suficientes para aprovação na comissão especial que discute o tema, a contagem mostra apenas cerca de 150 votos seguramente a favor no plenário.
Até o início desta semana, o presidente Michel Temer esperava aprovar na Casa as mudanças em maio. Confirmado esse atraso, a expectativa é que a votação no Senado fique só para setembro.
O núcleo político do governo informou ao Ministério da Fazenda que, diante das recentes dificuldades em votações menos polêmicas, é preciso se adequar à realidade. Na sua avaliação, o cronograma da reforma pode mudar.
Apesar de se dizer satisfeito com o placar da aprovação da reforma trabalhista na Câmara (296 votos a favor e 177 contra o texto-base), Carlos Marun disse que ainda é necessário fazer “esclarecimentos” à base aliada.
“Temos que lutar para garantir estes 296 votos, mas não sou ufanista para dizer que os 296 votos que tivemos ontem [noite de quarta, quando o texto-base foi aprovado] são automaticamente a favor da reforma da Previdência”, afirmou Marun. (Folhapress)