SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente Michel Temer afirmou nesta quinta-feira (4) que a campanha contra a reforma da Previdência proposta pelo Planalto vem dos “poderosos”, e não dos mais pobres.
“Parece que quem está fazendo campanha contra são os mais vulneráveis. Não é verdade. Quem está fazendo campanha são aqueles que ganham R$ 20 mil, R$ 15 mil, R$ 16 mil, que tinham cinco anos a menos para se aposentar”, afirmou em entrevista à RedeTV!.
“Quem faz a campanha dos chamados pobres na verdade está fazendo a campanha dos poderosos, porque são eles que têm capacidade de mobilização e agitação.”
Principal ponto da reforma proposta por Temer, o texto pretende acabar com a aposentadoria por tempo de contribuição. Todos deverão trabalhar no mínimo 25 anos, e a idade mínima para a aposentadoria será de 65 anos para homens e 62 para mulheres.
A reforma também altera o sistema dos trabalhadores rurais: hoje eles podem se aposentar comprovando o exercício da atividade por 15 anos, com 55 anos de idade para as mulheres e 60 anos para os homens. O texto do Planalto prevê que os camponeses se aposentem aos 60 e 57 anos (homens e mulheres), com um mínimo de 15 anos de contribuição para o INSS.
Para Temer, no entanto, a grande resistência surge porque a reforma equipara as aposentadorias de servidores públicos e da “classe política” às do sistema geral.
Ele não quis dizer quantos votos o Planalto já conta no plenário da Câmara para aprovar o texto nem se sentiu confortável para assegurar que ela será aprovada. “Eu farei o possível para passar, e estarei obediente às decisões da Câmara e do Senado.”
Ele afirmou ainda que até o fim de maio o governo deve enviar ao Congresso a proposta que altera o regime previdenciário dos militares, que ficaram fora da primeira etapa da reforma.
Ele voltou a afirmar que, se a reforma não for feita hoje, “amanhã não vai haver 10% [do Orçamento] para investimento e, se for depois de amanhã, não vai ter como pagar aposentadoria e salário”.
Temer também reconheceu que o enfrentamento do líder de seu partido no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é um problema para sua administração, mas disse que ele não consegue tirar votos do governo. “Conseguir votos ele não consegue.”
CAIXA DOIS
Temer defendeu ainda uma distinção entre caixa dois e propina na apuração dos episódios delatados por ex-executivos da Odebrecht em acordo de delação com a Operação Lava Jato.
“O que ocorria muito é a história do chamado caixa dois, o que é uma coisa diferente da chamada propina”, afirmou.
“Como fazer a distinção, confesso que não sei. Naturalmente, o Ministério Público saberá fazer uma distinção. De vez em quando escuto uma palavra no sentido de que se caminhe para essa especie de diferenciação, distinção.”
Ele afirmou que, em toda sua trajetória política, nunca recebeu uma oferta de doação não contabilizada. “Nunca houve isso.”
Temer afirmou também que é “facílimo” governar com oito ministros investigados pela Lava Jato.
“É facílimo governar nessas condições pela decisão que eu tomei”, afirmou, sobre a “nota de corte”
Em outro momento, o presidente afirmou que “não há derrota” da Lava Jato nas decisões do Supremo de soltar presos preventivos, como José Dirceu e João Carlos Genu.
“Há revisão. São instâncias diversas, para efeito de recursos. O que não pode haver é briga entre as instâncias.”
ERROS
Temer, que em março disse não ter cometido erros em seu governo, afirmou nesta quinta que pode ter cometido “um ou outro equívoco, mas acidental, não proposital”.
“É possível ter errado aqui e acolá, mas não sinto que tenha errado. Tudo que tenho feito tem tido apoio do Congresso Nacional, bons resultados. Houve erros? Nesse sentido não. posso ter cometido um ou outro equivoco, mas acidental, não proposital.”