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Para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a renovação política nas eleições pode ser dificultada pela distribuição atual de recursos eleitorais, embora o povo esteja com “horror à corrupção”, e que isso pode levar a frustração do eleitorado.
“A renovação não depende só do povo que tem horror a isso ou aquilo, depende das engrenagens”, afirmou em entrevista após participar de painel no Enai (Encontro Nacional da Indústria) em Brasília.
Em sua fala, ele havia dito que o povo “tem horror à corrupção e descobriu pela Lava Jato as bases podres do poder”.
“A legislação atual deu dinheiro só para os partidos. A oligarquia partidária que dispõe de recursos, ela vai jogar esses recursos para ajudar a eleger quem é próximo a ela. Então é complicado isso daí, você vai ter de novo a possibilidade de uma frustração”, disse.
O PSDB, partido do ex-presidente, tem direito a R$ 185 milhões do fundo eleitoral para a campanha deste ano.
O ex-presidente também afirmou que falta no país uma instância moderadora. Segundo ele, a sociedade está fragmentada e é preciso eleger alguém com poder moderador.
FHC defendeu uma união de centro, mas disse que não se trata de unir o chamado centrão em torno de uma candidatura. “Tem que ser um centro popular, progressista. Não é o centrão, juntar os interesses fisiológicos de cada partido, senão dá na mesma coisa que hoje”, afirmou.
O tucano elogiou o candidato de seu partido, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, mas disse que ele precisa ser capaz de mostrar ao eleitor suas qualidades.
Questionado sobre a possibilidade de Henrique Meirelles (MDB) compor chapa como vice de Alckmin, o ex-presidente desconversou e disse não ter ouvido nada a respeito.
SEM VOTO
No debate, em que participaram também o ex-presidente da Petrobras Pedro Parente e o professor de direito constitucional Joaquim Falcão, FHC afirmou que as circunstâncias podem fazer surgir lideranças mesmo que não pelo voto.
“Tomara que a democracia permita que elas nasçam pelo voto. Mas se não nascerem pelo voto, vão nascer de outra maneira. Não estou falando de golpe, golpe não resolve nada”, disse. “Mas alguém vai ter que conduzir.”
(FOLHA PRESS)