O senador Renan Calheiros (AL) deve entregar o cargo de líder do PMDB na tarde desta quarta-feira (28). Segundo a reportagem apurou, o peemebista avalia que não tem condições de permanecer na liderança do partido no Senado devido ao desgaste que foi criado com suas diversas críticas ao governo do presidente Michel Temer e à agenda de reformas.
O anúncio deve ser feito às 16h desta quarta (28) durante sessão do plenário. Na noite de terça-feira (27), Renan esteve reunido com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), até tarde para discutir sua situação.
Nos bastidores, senadores do PMDB articulavam uma nova tentativa de destituição de Renan do cargo na manhã desta quarta. A saída do alagoano foi debatida na bancada pelo menos duas vezes este ano, após críticas que ele dirigiu ao Palácio do Planalto.
Na terça, Renan fez um duro discurso em plenário. Ele afirmou que Temer está “fazendo de conta” que governa o país. “Governando para onde?”, disse.
O peemedebista disse ainda que é preciso ter “muita humildade” para receber a proposta feita pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que sugeriu que Temer encurte seu mandato. A opinião de FHC foi publicada na segunda-feira (27) em artigo que escreveu para a Folha de S.Paulo.
Renan defendeu ainda que Temer deixe de adiar uma decisão sobre o futuro do governo. “Demorar mais um mês, dois meses, um ano a frente do governo não vai mudar nada. É uma resistência para o nada”, disse em discurso feito em plenário.
O líder do PMDB disse ainda que Temer errou ao “achar que poderia governar o Brasil influenciado por um presidiário de Curitiba”, disse em referência ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Operação Lava Jato. “Isso não ia chegar a lugar nenhum”.
O discurso de Renan virou um bate-boca com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ao criticar a reforma trabalhista. “Temer não tem mais a confiança da sociedade para fazer uma reforma como essa na calada da noite”, disse, ameaçando trocar os integrantes do PMDB na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que vota nesta quarta-feira (28) o texto da reforma trabalhista.
A fala irritou Jucá, que respondeu o líder da sigla dizendo que se ele fizesse alterações o PMDB também faria já que, segundo ele, 17 dos 22 senadores do partido concordam com o projeto em discussão.
A reportagem apurou mais cedo que, embora tenha ameaçado fazer alterações na CCJ, Renan desistiu por temer que a mudança não fosse aprovada pela presidência do Senado.
Nos bastidores, o PMDB já discute a substituição do líder do partido no Senado. Entre os mais cotados está o nome de Jader Barbalho (PA), que na terça fez um discurso bastante crítico em plenário às ações do Ministério Público Federal e da Operação Lava Jato.
Outra possibilidade seria colocar o senador Garibaldi Alves (RN), que fez consultas ao partido na manhã desta quarta para saber se teria apoio para assumir a função. (Folhapress)