Pelo menos 67 jornalistas e profissionais que trabalham em função correlata foram mortos no exercício do trabalho em 2022. São aproximadamente 20 a mais em relação ao ano passado, de acordo com relatório divulgado nesta sexta-feira (09/12), véspera do Dia dos Direitos Humanos.
Com a guerra no Leste Europeu, a Ucrânia lidera o número de jornalistas assassinados com 12 mortes em 2022. O México e o Haiti, com as organizações criminosas mexicanas e a violação da lei e ordem haitiana apresentaram 11 e 6 mortes, respectivamente.
A Federação Internacional dos Jornalistas aponta esses três eventos como fatores contributivos para o aumento das mortes. O relatório também apontou a detenção de 375 jornalistas, a maior parte na China, em Myanmar e na Turquia. O número também aumentou em relação a 2021.
Mas a Federação também mira seus olhos para a Colômbia, onde os jornalistas enfrentam um ‘surto de violência’ que ameaça o jornalismo e trabalhadores da mídia no país.
O relatório destacou a morte do repórter britânico Dom Phillips, no Brasil, ocorrida em junho na região do Vale do Javari, no Amazonas. Ele foi morto junto com o indigenista Bruno Pereira.
Ele trabalhava entrevistando indígenas e ribeirinhos para escrever um livro sobre a Amazônia. Após dez dias de buscas, um dos suspeitos presos pela Polícia Federal confessou o crime que gerou repercussão internacional.
Outra morte foi do blogueiro Givanildo Oliveira, o Gigi, morto a tiros em Fortaleza, onde trabalhava com comunicação popular. Ele era dono do portal de notícias “Pirambu News”. O crime foi gravado por câmeras de segurança e ganhou repercussão nacional.
Nas postagens do portal, ele divulgava matérias contra violência, denúncias e casos que ocorriam no bairro Pirambu, em Fortaleza. Seu blog tinha mais de 73 mil seguidores. Seu maior objetivo era fazer jornalismo comunitário de forma independente.
O secretário-geral da FIJ, Anthony Bellanger demonstrou preocupação diante da alta de assassinatos e fez um apelo aos governos.
“O aumento de assassinatos de jornalistas e outros trabalhadores da mídia é motivo de grande preocupação. É também um novo apelo aos governos de todo o mundo para que atuem em defesa do jornalismo, um pilar fundamental da democracia”, disse Bellanger.
“A inação apenas encorajará aqueles que buscam suprimir o livre fluxo de informações e minar a capacidade das pessoas de responsabilizar seus líderes, inclusive para garantir que aqueles com poder e influência não se interponha no caminho de sociedades abertas”, concluiu.