O reitor afastado da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, foi encontrado morto na manhã desta segunda (2) em Florianópolis, por volta das 10h30.
Ele cometeu suicídio, de acordo com a Polícia Civil. O corpo estava no vão central do Beiramar Shopping, um dos mais tradicionais de Florianópolis, que confirmou a morte no final da manhã.
“A gente só ouviu o barulho, bem alto”, contou uma lojista do shopping. Cancellier caiu ao lado da escada rolante no primeiro piso.
No mês passado, ele e outras seis pessoas ligadas à UFSC foram presos em uma operação da Polícia Federal.
O grupo é suspeito de desviar R$ 80 milhões em recursos que deveriam ser investidos em programas de EAD (educação a distância). O reitor foi liberado no dia seguinte, mas continuava afastado da universidade por decisão judicial. Ele negava envolvimento em irregularidades.
Um bilhete encontrado no bolso da calça de Cancellier trazia a seguinte mensagem: “Minha morte foi decretada no dia do meu afastamento da universidade”. O teor da mensagem foi confirmado pela Secretaria de Segurança de Santa Catarina e pelos advogados do reitor.
O Beiramar tem sete pavimentos, entre lojas e garagens, que dão acesso ao vão. A suspeita é que Cancellier tenha pulado de um deles.
A UFSC, em nota, lamentou a morte do reitor e informou que suspendeu todas as atividades acadêmicas e administrativas por três dias.
Cancellier, 60, era doutor em direito pela UFSC e professor da universidade desde 2005. Foi eleito reitor no ano passado. Antes de se formar, atuou como jornalista e participou de campanhas pela anistia e pelas Diretas-Já, como assessor de deputados catarinenses. Participou do movimento estudantil na UFSC e se graduou em 1998.
Na época da deflagração da Operação Ouvidos Moucos, que levou à prisão de Cancellier, a UFSC informou ter sido “tomada de absoluta surpresa” pela detenção do reitor.
Em entrevista ao “Diário Catarinense”, ele disse que a prisão foi uma “humilhação completa”. “Não posso entrar na casa em que vivo e convivo desde 1977”, afirmou.
Em nota, os advogados do reitor disseram que “a injustiça sobre os ombros de uma pessoa inocente é um fardo por demais pesado e muito difícil de ser suportado”.