Economistas avaliam que há condições para o Banco Central promover um corte maior da taxa básica de juros (Selic), de 0,50 ponto percentual, em janeiro. Nesta quarta-feira (30), o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC reduziu a taxa em 0,25 ponto percentual, para 13,75% ao ano, conforme esperado pela maior parte do mercado.
O principal motivo que pode levar a uma redução maior dos juros é a queda da atividade econômica. Conforme divulgou nesta quarta-feira (30) o IBGE, o PIB (Produto Interno Bruto) do país encolheu 0,8% no terceiro trimestre de 2016.
No comunicado divulgado após a decisão sobre a Selic, o Copom afirmou que a atividade econômica está “aquém do esperado”.
“A evidência disponível sinaliza que a retomada da atividade econômica pode ser mais demorada e gradual que a antecipada previamente”, afirmou a autoridade monetária, no documento.
O BC diz ainda que a atividade econômica mais fraca e o elevado nível de ociosidade na economia podem produzir desinflação mais rápida que a refletida nas projeções do Copom.
Até então, a autoridade monetária vinha indicando que seria cautelosa e que promoveria uma diminuição mais lenta da Selic, para que a inflação convergisse mais rapidamente para a meta de 4,5% ao ano.
A cautela foi reforçada após a inesperada eleição de Donald Trump para a Presidência dos EUA, que levou o mercado a acreditar em aumento mais rápido dos juros americanos, o que levou à alta de 7% do dólar ante o real em novembro. Uma maior desvalorização do real é um fator que pode atrapalhar a desaceleração da inflação no Brasil.
Para o Itaú Unibanco, o BC deixa as portas abertas para uma aceleração do ritmo de corte para 0,50 ponto percentual, mas não se compromete a realizá-lo. “Acreditamos que a atividade econômica fraca seguirá contribuindo com a queda da inflação e, desde que o ambiente externo não se torne mais incerto, isso deve deixar o comitê mais confortável em acelerar o ritmo da flexibilização monetária”, diz relatório do banco.
O Bradesco também avalia que importantes ajustes no cenário abrem condições para que próximo corte de juros seja de 0,50 ponto. Segundo relatório da instituição, “condicionantes que antes explicavam uma postura mais cautelosa por parte do Copom hoje criam um ambiente mais propício para a convergência da inflação para 4,5% em 2017”.
Entre esses fatores, estão, além da perspectiva de retomada mais lenta da economia, o comportamento mais favorável da inflação no curto prazo e o avanço da aprovação das reformas fiscais.
Riscos
“O risco externo, contudo, ainda demanda maior atenção, tendo em vista as incertezas relacionadas à política econômica e à proximidade da alta dos juros nos EUA, o que tem trazido volatilidade aos preços dos ativos”, diz o Bradesco.
A instabilidade no cenário político, que pode ameaçar o ajuste fiscal, também é apontada como outro risco para a trajetória de queda da Selic.
Analistas esperam que a ata da reunião do Copom, que será divulgada na próxima terça-feira (6), traga mais sinalizações sobre os próximos passos da política monetária. Também é aguardada para o fim do mês a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação do BC, que deverá trazer ajustes nas projeções.
Folhapress