A recessão econômica, em que o país está mergulhado desde 2014, moderou no ano último ano, período em que Michel Temer está no poder.
Os dados do PIB do primeiro trimestre divulgados nesta quinta (1º) pelo IBGE mostram que, nos últimos quatro trimestres, a economia acumula queda de 2,3%.
Temer assumiu em 12 de maio do ano passado, no segundo trimestre (abril, maio e junho). Desses últimos quatro trimestres (ou último ano), ele é responsável por dez meses e 20 dias.
No ano encerrado no primeiro trimestre de 2016, sob Dilma Rousseff (PT), o ritmo de queda era mais acentuado: -4,7%.
Porém, à exceção da agropecuária, que também nesta comparação apresenta resultado positivo, todos os setores seguiram no vermelho no ano de Temer.
A agropecuária cresceu 0,3%. Já os serviços caíram 2,3% e a indústria encolheu 2,4%.
O sucesso do setor agropecuário tem relação com safras recordes de milho e de soja, mais beneficiadas pelo clima favorável do que pela temperatura política, além de preços melhores no mercado externo.
No último ano, a produção e distribuição de eletricidade e a indústria extrativa mineral (petróleo e minério de ferro) também registraram desempenhos positivos: 4,9% e 1,6%.
Do lado negativo, o segmento de transporte e armazenagem recuou 5,9%, a construção, 5,5% e o comércio, 4,3%.
O consumo das famílias caiu 3,3% no último ano, e os gastos do governo recuou 0,7%.
Em todas as contas, porém, o ritmo de queda diminuiu no último ano, ante os quatro trimestres encerrados em 2016.
Os investimentos, por exemplo, que caíam a uma velocidade de 16% no ano encerrado no primeiro trimestre de 2016, agora recuam 6,7%.
O PIB vem apresentando taxas menos negativas a cada passagem de trimestre, sugerindo uma saída da crise à frente.
O fundo do poço, por essa métrica, ocorreu no segundo trimestre de 2016, com uma redução acumulada em quatro trimestres de impressionantes 4,8%.
Desde então, o número fica menos negativo, mas ainda distante do crescimento.
Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, diz acreditar que a recuperação cíclica “continua e vai acontecer”.
Ele menciona importantes mudanças no último ano, como as novas regras para o pré-sal e o teto de crescimento dos gastos do governo. Além disso, a taxa de juros caiu e a inflação, até por efeito da recessão, está mais baixa.
Mas preocupa a crise política e a dificuldade do governo (com ou sem Temer) em fazer as reformas avançarem, o que retardaria uma recuperação que já se desenha lenta.
Até o momento, diz ele, a relativa estabilidade de dólar e juros se deve à possibilidade de que a crise política não vai aniquilar a agenda reformista.
“O mercado está entendendo que tem soluções em meio a esta nova crise política”, diz.
Silvia Matos, coordenadora do boletim macro do Ibre/FGV, descreve a situação atual como de estabilização em um nível muito baixo de produção.
“Saídas de crise são normalmente fortes, dessa vez é diferente”, diz. “Ainda estamos mais no campo da esperança do que da recuperação”.
Ambos os economistas projetam uma queda do PIB no trimestre deste ano, após o resultado positivo divulgado nesta quinta. (Folhapress)