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Ranking da Fifa que vai definir cabeças de chave tem brecha

Ao examinar o ranking da Fifa, o estatístico romeno Eduard Ranghiuc percebeu existir uma brecha na equação. Não é benéfico para as seleções jogar amistosos. Mesmo que vençam.

“A conta é simples. O time que quiser ficar entre os melhores não deve jogar amistosos. A seleção que desejasse ser cabeça de chave no sorteio dos grupos da Copa deveria tê-los evitado ao máximo”, disse Ranghiuc à Folha de S.Paulo.

Ele identificou o problema ao analisar como seria possível ajudar a Romênia a subir no ranking da entidade. Entrou em contato com a federação local e sugeriu que adotassem a estratégia. Apesar de desempenho discreto em campo, o time foi cabeça de chave no sorteio das eliminatórias para o Mundial de 2018.

A lista da Fifa, a ser divulgada no próximo dia 16, vai definir os cabeças de chave dos grupos para a Copa da Rússia. Serão os sete melhores colocados do ranking (além da Rússia, país-sede). O sorteio será em 1º de dezembro, em Moscou.

“Olhe quantos amistosos a Suiça fez nos últimos 12 meses. Você vai entender”, explica Ranghiuc.

Foi apenas um. Vitória sobre a Bielorrússia por 1 a 0, em junho deste ano. No ranking de setembro, a equipe está em 7º.

Pela situação atual, é possível que os campeões mundiais França, Espanha, Inglaterra e Itália não sejam cabeças de chave e caiam em em grupos mais difíceis.

Podem enfrentar Brasil, Argentina ou Alemanha, por exemplo. A Polônia (6ª colocada), com um amistoso jogado nos últimos 12 meses, será.

A Inglaterra ignorou a matemática há quatro anos. Ranghiuc, que mantém um site de estatísticas no futebol, escreveu para a federação do país em 2013 advertindo que deveria evitar amistosos.

Os ingleses jogaram cinco partidas não competitivas nos 12 meses antes da definição do sorteio para a Copa de 2014: contra Suécia, Brasil (duas vezes), Escócia e Irlanda. Calculados os pontos, descobriram que se tivessem seguido o conselho do romeno, seriam cabeças de chave. Caíram em chave com Itália, Uruguai e Costa Rica. Acabaram eliminados.

“Há momento em que o ranking é relevante: 12 meses antes da definição de cabeças de chave de torneios ou eliminatórias. Deve-se trabalhar com isso”, avisa.

O SEGREDO

A lista é montada a cada mês de acordo com equação montada pela Fifa. Leva em conta resultados das seleções nos últimos quatro anos. Apenas os placares dos 12 meses anteriores são computados 100% (veja quadro ao lado).

A pontuação do jogo é calculada com três pontos por vitória, um por empate e zero por derrota. Estes são multiplicados pela força do rival (usando para isso a posição no ranking), a confederação a que está filiado e a importância da partida. Este componente é o que muda tudo.

Jogo de Copa do Mundo, vale quatro. De torneio continental (como Copa América, por exemplo), três. Eliminatórias, 2,5. Amistoso, um.

O amistoso prejudica a seleção porque a pontuação dos últimos 12 meses é somada e divida pelo número de jogos. Vale a média.

Em novembro de 2016, a Itália fez amistoso com a campeã mundial Alemanha e empatou em 0 a 0. Recebeu 196,02 pontos. Três dias antes, em eliminatória, obteve óbvia vitória sobre Liechtenstein. Ganhou 371,25 pontos.

Neste caso, para o ranking, vencer Liechtenstein valeu bem mais do que empatar com campeã mundial.

“Tem de escolher a hora certa, dentro de janela que não vá influir na pontuação antes do sorteio. A França não fez isso”, diz Ranghiuc.

Nos últimos 12 meses, a equipe francesa seguiu cartilha de tudo o que o romeno acredita dever ser evitado. Jogou amistosos demais e teve resultados ruins. Ganhou de Inglaterra e Paraguai, empatou com Costa do Marfim e perdeu para Espanha.

Essas partidas fizeram com que a média de pontos nos últimos 12 meses caísse 182 pontos. Computados apenas as eliminatórias, a França (8ª colocada) estaria em 3º.

Amistosos oferecem benefícios técnicos, claro. Servem para testar formações, atletas e entrosar a equipe. Ranghiuc diz haver uma solução.

“Basta combinar com o adversário para que o jogo tenha mais de seis substituições. Isso o tornará inválido para o ranking. Perder um amistoso oficial, já que a pontuação será zerada e a partida contará na média, é catastrófico antes da definição das cabeças de chave de um Mundial”, aconselha.

A UEFA vai realizar a Liga das Nações a partir de 2018. Não está definido o impacto que terá no ranking. A reportagem enviou e-mail sobre isso à Fifa, mas não obteve resposta.

Laura Santos Braga

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