O Radiohead fez uma celebração ao disco “OK Computer” no show que encerrou a primeira noite do festival Glastonbury, nesta sexta-feira (dia 23). Neste que é um dos principais eventos de música do planeta, o quinteto inglês tocou sete das 12 músicas do álbum que foi lançado há 20 anos.
Em duas horas de apresentação, transmitida ao vivo pela BBC e que já pode ser vista no YouTube, a banda liderada pelo vocalista Thom Yorke escolheu “Lucky”, “Airbag”, “Exit Music (For a Film)”, “Let Down”, “No Surprises”, “Paranoid Android” e “Karma Police” (esta fechando o show) daquele disco que levava ao rock elementos “difíceis” como improvisações jazzísticas e experimentações eletrônicas e que mesmo assim vendeu mais de 4 milhões de cópias -e tornou-se um marco não apenas na discografia da banda mas da música pop em si.
“OK Computer” saiu originalmente em disco em 31 de maio de 1997. Foi o primeiro disco resultado da parceria entre a banda e o produtor Nigel Godrich, que desde então passou a colocar as mãos em todos os álbuns da banda.
Para comemorar os 20 anos de vida, o Radiohead acaba de relançar o disco sob o nome “OKNOTOK: 1997-2017” em diversos formatos: caixa (que inclui libreto e anotações de Thom Yorke), vinil, CD e digital. Além do disco original, traz oito faixas que saíram como lados B de singles e, mais importante: três músicas inéditas, que surgiram por volta das sessões de “OK Computer” ou pouco antes, mas que ainda não haviam sido colocadas em disco. São elas: “I Promise”, “Man of War” e “Lift”.
Ao ouvir essas três hoje, não dá para não questionar: por que foram mantidas quase como um segredo por tanto tempo?
Tanto “I Promise” como “Man of War” não ficariam deslocadas se tivessem entrado em “OK Computer”. Isolamento, insegurança, temas tão presentes no disco, alimentam tanto a distópica “Man of War” como a melancolicamente romântica “I Promise” (“eu não vou mais fugir, eu prometo/ mesmo quando eu ficar entediado, eu prometo/ mesmo quando o navio naufragar, eu prometo”).
Já “Lift” é um caso à parte. A música inicialmente havia sido considerada como potencial single de “OK Computer”, mas a banda desistiu de colocá-la no disco, pois não “soava corretamente” -talvez por ser direta demais, com uma estrutura melódica mais pop do que as 12 que estão no disco?
Tanto pelas músicas originais como pelas inéditas e pelos lados B, este “OKNOTOK” reafirma, duas décadas depois, como “OK Computer” foi uma bem-vinda anomalia da segunda metade dos anos 1990: enquanto os EUA de Bill Clinton comemoravam crescimento econômico e o Reino Unido brindava a eleição de Tony Blair tendo como trilha o britpop ensolarado de Oasis e Blur, “OK Computer” parecia prever: o futuro talvez seja sombrio. (Folhapress)