O deputado federal Waldir Soares que também preside o PSL em Goiás disse que seu colega de partido e de parlamento, Daniel Silveira quis ganhar likes nas redes sociais ao desferir ataques contra o Supremo Tribunal Federal (STF) mas acabou recebendo a Polícia Federal na sua casa e passou algumas noites “na cadeia”. Em entrevista ao Diário de Goiás, nesta quinta-feira (18/02), o delegado destacou que o PSL deve encaminhar a expulsão do carioca e que os seus colegas no Conselho de Ética da Câmara não deverão “passar a mão na cabeça dele”.
Waldir pontua que Silveira é da ala da “extrema direita” do PSL e que a ação foi “premeditada” para além de ganhar likes nas redes sociais, “garantir a reeleição dele a deputado federal”. Se houve falha da Polícia Federal foi a de não ter apreendido o celular do parlamentar no momento da prisão. Antes da apreensão e em toda a condução, Daniel ficou gravando vídeos para seus seguidores. “Ele continuou fazendo vídeos e atacando e fazendo chacota do poder judiciário, inclusive, dizendo que só iria passar uma noite na cadeia, o que não é verdade, já que ele deve passar mais uma noite”.
Soares pontua que o parlamento não deve “passar a mão na cabeça dele” e que o deputado corre sério risco de perder o seu mandato. Mas na avaliação de Waldir, tudo não passa de uma “grande cortina de fumaça” para afastar a pauta nacional do verdadeiro problema: o combate à pandemia.
“Parece que não tem mais o que fazer não… parece que nós não temos um país com quase todas as suas UTI’s praticamente lotadas, as pessoas não estão morrendo… Nem pra fazer um ato em defesa da vacina, isso seria fenomenal. Isso é uma grande cortina de fumaça. Num momento em que todos os dias você vê bater o recorde de número de pessoas mortes, ele cria um grande fato político e desvia o foco que o país deveria ter na morte, vacinação e em mais equipes médicas. O país hoje, só mostra a imagem e discute apenas esse assunto, sendo que a principal prioridade do país devia ser a defesa da vida e a vacinação”, disparou.
DG: Como o senhor avalia a atitude do seu colega de partido?
WS: Na verdade eu diria que ele excedeu na sua imunidade parlamentar e ao excedê-la já era aguardado a prisão dele. O Alexandre de Moraes já vinha citando ele naqueles inquéritos anteriores [antidemocráticos] e já tinha bastante provas com relação a conduta dele. E ele foi muito duro. Atacou todos os poderes: o executivo, o legislativo e o judiciário quando ele fala do AI-5. Ele bate em tudo e em todos.
Na verdade, como ele é da ala de extrema-direita é uma ação premeditada para ganhar like nas redes sociais e garantir a reeleição dele a deputado federal. Qualquer pessoa hoje que para você afastar um ministro do STF ou com a morte do ministro como aconteceu com o Teori Zavascki ou com um impedimento através do Senado Federal. Qualquer pessoa comum sabe disso, quanto mais um parlamentar. Ele jogou para plateia para ganhar like nas redes sociais. Não é a primeira vez que faz isso e está sendo punido por sua conduta e excesso que praticou.
DG: Não houve excesso na prisão também?
WS: A prisão em flagrante foi correto, era um crime continuado, os vídeos estavam circulando nas redes sociais. O placar no STF mostrou a unanimidade dos votos, inclusive com voto do Kassio [Marques Nunes] recém indicado ministro pelo presidente Bolsonaro. Tem a denúncia da PGR, algo raro de você ver com tanta rapidez, então, realmente, ele teve ainda durante a prisão até irregular numa conduta errada da Policia Federal de ter permitido ele usar o celular que sou foi apreendido quando ele chegou na sala especial da PF. Ele continuou fazendo vídeos e atacando e fazendo chacota do poder judiciário, inclusive, dizendo que só iria passar uma noite na cadeia, o que não é verdade, já que ele deve passar mais uma noite e me parece que o parlamento não vai passar a mão na cabeça dele.
DG: Agora ele vai para o Conselho de Ética da Câmara…
WS: Ele já tem um processo no Conselho de Ética, vários partidos além da mesa da Câmara já pautou representação contra ele. Uma representação dura por quebra de decoro parlamentar. A comissão vai ser reativada com os mesmos membros, eu sou um deles. A conduta dele é grave e com certeza vai repercutir.
DG: Acha que o mandato dele está em cheque?
WS: Ah, com certeza. Existe a possibilidade. Tenta-se um diálogo neste momento para evitar em plenário. Eu acredito que se houver votação em plenário pode-se manter a prisão dele. Mas a possível perca de mandato tem que passar pelo Conselho de Ética e depois novamente pelo plenário. Ele passaria pelo Plenário duas vezes. Uma vez agora para homologar ou não sua prisão e mantê-lo na cadeia e lá na frente, uma vez que o Conselho de Ética tenha proposto sua perda de mandato e ir novamente para o plenário num segundo momento.
DG: Como o seu partido está tratando o deputado?
WS: Dentro do PSL já tramita um processo de expulsão e acho que isso deve ocorrer já nos próximos dias. O PSL não comunga com a ação dele, é uma ação isolada. A gente não tem que ter medo do STF nem da Lava-Jato. É só exercer um mandato com legalidade e correção, dentro dos padrões que se exige de um parlamentar que você não corre nenhum risco. Você não tem que temer a perda de prerrogativas nem nada, é só não participar de condutas criminosas que você não vai incorrer em ações semelhantes. Nem deputado federal está acima da lei. O jornalista não está, o pedreiro não está e o deputado também não. Fez coisas erradas, infringiu a lei, é cadeia neles. É uma cadeia diferenciada? É uma cadeia diferenciada, mas está preso. Isso é muito importante para a democracia. Para não dizer que um é tratado diferente do outro. A conduta do STF demonstrou que não passa a cabeça nem em deputado federal.
DG: O senhor está dizendo que a imunidade parlamentar tem lá o seu limite…
WS: Tem o seu limite, a imunidade não é um salvo-conduto para você praticar crimes. Você tem a liberdade de expressão no exercício do mandato, não fora disso. Você tem limites onde você pode sim ser preso. Todas as autoridades, inclusive. Por isso eu defendo o fim do foto privilegiado, o fim da segunda instância. Não passo a mão nem na cabeça meu filho, quanto mais um parlamentar que praticou uma conduta que causou uma tempestade jurídica no país no meio de um pandemia. Parece que não tem mais o que fazer não… parece que nós não temos um país com quase todas as suas UTI’s praticamente lotadas, as pessoas não estão morrendo… Nem pra fazer um ato em defesa da vacina, isso seria fenomenal. Isso é uma grande cortina de fumaça. Num momento em que todos os dias você vê bater o recorde de número de pessoas mortes, ele cria um grande fato político e desvia o foco que o país deveria ter na morte, vacinação e em mais equipes médicas. O país hoje, só mostra a imagem e discute apenas esse assunto, sendo que a principal prioridade do país devia ser a defesa da vida e a vacinação.
DG: A pauta da nossa conversa poderia ser o combate a pandemia, certo deputado?
WS: Exato. E agora estamos falando sobre um deputado maluco que quer fechar a Câmara, Senado, STF, quer fechar tudo. Em uma defesa maluca ideológica que criou uma cortina de fumaça, um fato em cima de uma conduta que sabe que é impossível. Um cara que quer ganhar like nas redes sociais para ganhar um novo mandato e nós estamos jogando fora a defesa da vida, né… Quando o Rio de Janeiro bate recordes de mortos, a gente vê festas em pleno carnaval, um assunto para entrar na pauta, a gente debater isso e esse maluco pratica esse ato para criar cortina de fumaça e a gente não discutir o que é mais importante para o país neste momento.