O Partido dos Trabalhadores (PT) aderiu na quarta-feira (30) ao bloco que está se formando em torno da candidatura do deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), indicado por Arthur Lira (PP-AL) para ser seu sucessor. O mais curioso do processo é que o Partido Liberal (PL), adversário radical do PT, também está junto no barco.
Um levantamento realizado pelo portal Congresso em Foco, especialista em cobertura política, aponta que Hugo Motta encerrou seu segundo dia de articulação oficial de campanha com o apoio de seis partidos: “o Republicanos, com 44 deputados, PP com 50, Podemos com 14, MDB com 44, PL com 92 e o PT, com 68”.
Médico, Motta fez verdadeira cirurgia política e, costurando também com o PT, conseguiu consolidar uma base de até 302 votos, “garantindo uma margem confortável para superar os 257 necessários para vencer em primeiro turno”, avaliou o portal.
A decisão do PT veio após uma série de reuniões com os 68 deputados da legenda e os três postulantes à presidência da Câmara dos Deputados. Além de Motta, também figuram como candidatos o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), e o líder do Partido Social Democrático (PSD), Antonio Brito (BA). Brito era o mais próximo da expectativa ideológica petista, mas não era visto como forte e aglutinador suficiente para uma vitória que o partido quer.
Motta foi o último a ser sabatinado pela bancada e saiu com o partido compromissado: “Se construiu um processo de alguns meses de diálogo aberto, franco, sincero, sobre o funcionamento da casa, sobre os espaços de representação, sobre o papel da bancada do PT”, declarou o líder do partido, deputado Odair Cunha (MG), diante das comparações com os demais candidatos e o cenário na Câmara dos Deputados. Este cenário envolve cargos, comissões de trabalho e votações que importam muito ao presidente Lula, com quem Motta esteve em setembro, e causou boa impressão.
Tido como moderado e com discurso contra radicalizações, Motta avaliou a sabatina da bancada como “um diálogo maduro” e assumindo o compromisso pela construção “de uma pauta colaborativa” e “um ambiente de paz administrativa e institucional para que possamos avançar na solução dos graves e grandes problemas que a população brasileira tem”.
Já o apoio do PL foi anunciado pelo líder do partido, deputado Altineu Cortes (RJ), em frente à sala da liderança do PT também na quarta-feira. Existem reações justamente porque o partido estará junto com os petistas.