O chanceler brasileiro, Aloysio Nunes (PSDB), disse nesta sexta-feira (2), em Washington, que o partido não é “Madame Bovary” para trair o presidente Michel Temer. A afirmação foi a segunda em dois dias, feita em meio ao crescimento dos rumores sobre o possível desembarque do PSDB do governo.
“O PSDB é membro do governo. Nós apoiamos o governo”, disse. “O PSDB tem compromissos com o governo e com o programa de governo. E o PSDB não é Madame Bovary”, afirmou, citando a personagem do francês Gustave Flaubert (1821-1880) que trai o marido e tem um trágico fim.
Aloysio não quis falar sobre seu futuro como ministro se a sigla decidir sair do governo nos próximos dias. “Eu sou ministro, apoio o presidente Temer e creio que o PSDB não vai sair do governo.”
Temer deve se reunir com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, no fim de semana, em São Paulo para tentar evitar o movimento dos tucanos. Apesar de defender as reformas econômicas, Alckmin já sugeriu os nomes do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) no caso de eleições indiretas.
O chanceler disse ainda estar “otimista” em relação ao julgamento de cassação da chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que deve ser retomado na terça (6). Segundo a Procuradoria-Geral Eleitoral, a campanha vitoriosa em 2014 recebeu ao menos R$ 112 milhões em recursos irregulares.
“Acho que o quanto antes resolver melhor”, afirmou. “Estou otimista com relação ao resultado desse julgamento até pela minha própria experiência. Eu fui candidato a vice presidente em 2014 e me lembro perfeitamente que a minha prestação de contas foi distinta da prestação de contas do Aécio [Neves].”
Aloysio disse ver “com muita tristeza” a situação do senador tucano afastado Aécio Neves, alvo de uma série de denúncias de corrupção. Questionado, ele disse que a situação do político mineiro é “defensável” e criticou a prisão de Andrea Neves, irmã de Aécio.
“Claro que é defensável. Mas é uma coisa que vai ser decidida pelos tribunais. Ele tem a minha solidariedade pessoal, é meu amigo”, afirmou. “Acho que a prisão da Andrea, irmã dele, foi coisa que não se justifica do ponto de vista do processo penal.”
Após se reunir com o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, o ministro voltou a defender as reformas propostas pelo governo Temer.
“É uma batalha política que, em qualquer circunstância, qualquer governo teria dificuldades em aprová-las”, disse. Mas esse processo vai prosseguir porque ninguém em sã consciência pode imaginar que a previdência, com as regras que tem hoje, possa ter o mínimo de sustentabilidade.” (Folhapress)