BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O PSDB, principal partido aliado de Michel Temer, convocou uma reunião de emergência da cúpula do partido para este domingo (21), em Brasília, para discutir se mantém seu apoio ao governo.
Diante do agravamento da crise provocada pelas acusações feitas contra o presidente por executivos da JBS, o partido decidiu antecipar as discussões sobre a continuidade de sua aliança com o peemedebista.
Parte dos dirigentes da sigla defendem, nos bastidores, uma articulação rápida para que Temer deixe o poder, com a construção conjunta entre partidos aliados de uma candidatura para a eleição indireta que seria convocada nesse caso.
O PSDB ocupa quatro ministérios no governo (Cidades, Relações Exteriores, Secretaria de Governo e Direitos Humanos), e dá sustentação a Temer no Congresso com 47 deputados e dez senadores. Trata-se do maior aliado do PMDB na coalizão governista.
Alguns deputados já manifestaram abertamente o desejo de deixar o governo imediatamente. No Senado, há cautela: o cenário traçado é o de convencer Temer a renunciar ou pressionar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para que casse o mandato de Temer.
Na quinta-feira (18), o ministro Bruno Araújo (Cidades) chegou a comunicar à cúpula do partido que entregaria o cargo, mas foi demovido. Temer recebeu, então, os tucanos que integram seu governo e pediu que eles mantivessem seu apoio em nome da estabilidade econômica e política.
As revelações de detalhes das delações do empresário Joesley Batista, entretanto, ampliaram a instabilidade do governo e reacenderam no PSDB as conversas em torno de um cenário de sucessão imediata de Temer.
Os principais caciques do partido têm consultado o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o assunto. Na quinta-feira, ele chegou a publicar nota em que defendia a renúncia de Temer.
Naquele mesmo dia, o peemedebista e o tucano conversaram por telefone. FHC revelou preocupação com o cenário político, segundo relatos de dois aliados, mas admitiu que a sugestão de renúncia fora precipitada.
DESEMBARQUE
Partidos da base de Temer já começaram a dar sinais de desembarque do governo. No sábado (20), a cúpula do PSB decidiu pedir a renúncia do presidente para “acelerar a solução da crise de governabilidade já instalada”. O partido já assinou também um pedido de impeachment do peemedebista.
A sigla, na prática, integra a base aliada por ter um de seus quadros no comando do Ministério de Minas e Energia, o deputado Fernando Filho.
O PPS decidiu manter o apoio a Temer, mas o ministro Roberto Freire pediu demissão da pasta da Cultura. Na quinta-feira (18), o PTN havia anunciado o rompimento com o governo.