Flamengo e Vasco protagonizam uma das maiores rivalidades do Brasil. No próximo sábado (25), os times voltam a se encontrar após quase um ano e decidem a vaga na final da Taça Guanabara – o Rubro-negro tem a vantagem do empate. Mas o clássico já esquentou antes mesmo da definição do estádio que o receberá. O fim de semana foi marcado pelas vitórias dos arquirrivais e trouxe à tona o que andava adormecido.
Provocações, um incômodo tabu para o time rubro-negro e a polêmica da torcida única estão entre as principais razões. A reportagem explica o que aumentou a temperatura de um duelo sempre muito esperado pelas duas torcidas.
ProvocaçõesComo nos velhos tempos, dois jogadores utilizaram declarações que andam em falta no futebol atual quando questionados sobre a semifinal. Embora, ainda que provavelmente sem a intenção de provocar o adversário, o vascaíno Thalles e o rubro-negro Guerrero esquentaram o duelo.
Após garantir a vitória do Cruzmaltino sobre a Portuguesa por 1 a 0, Thalles falou sobre a semifinal e mostrou como o clube de São Januário trata o compromisso com o Flamengo – mesmo que o adversário não estivesse definido. “Vamos descansar e tentar chegar forte na semifinal. Sábado ou domingo é guerra”.
Já o peruano Paolo Guerrero mostrou que a confiança está em alta pelos lados da Gávea e foi ousado na declaração depois da goleada por 4 a 0 sobre o Madureira. “O Flamengo vai ser favorito onde seja. Com empate ou não, o Flamengo vai ser sempre favorito em um jogo contra o Vasco”.
Invencibilidade
O Flamengo pode até ter a vantagem do empate para chegar à final da Taça Guanabara, mas o Vasco comanda o duelo desde 12 de abril de 2015. São nove jogos de invencibilidade cruzmaltina – seis vitórias e três empates. Durante o período, o Rubro-negro foi eliminado da Copa do Brasil e ficou pelo caminho duas vezes no Campeonato Carioca.
O presidente vascaíno Eurico Miranda costuma tratar o clássico como um “campeonato à parte”. No Flamengo, a rivalidade é grande, ainda que não se tenha discursos como o do mandatário de São Januário. Independentemente disso, o tabu incomoda. O técnico Zé Ricardo falou sobre o problema.
“É uma história nova. O que passou, passou. Temos que focar na melhora da nossa performance. Perdemos muito para o Vasco e existem profissionais de capacidade do lado de lá. Vamos tentar neutralizá-los e conquistar a vaga na final”.
Torcida única
Por conta do pedido do Ministério Público e da liminar obtida pelo Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos do Rio de Janeiro, os clássicos no Estado devem ser realizados com torcida única – somente os mandantes terão torcedores no estádio. O governo recorreu e aguarda a cassação da liminar.Eurico já avisou que o Vasco não entra em campo com torcida única e o jogo pode ser realizado fora do Rio de Janeiro. O Flamengo está disposto a discutir a ideia e entrar em acordo com o clube rival e a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro).
Pelo regulamento do Campeonato Carioca, os dois times de melhor campanha na primeira fase (Flamengo e Fluminense) têm direito aos mandos de campo, além da vantagem do empate nas semifinais dos turnos. No entanto, o mandante é especialmente burocrático – pedido de policiamento, logística, venda de ingressos, etc – de acordo com o Artigo 45. O Regulamento Geral de Competições determina divisão igualitária de torcidas.
Se a liminar for cassada, o clássico será realizado no Engenhão. Caso contrário, a tendência é mesmo de jogo longe do Rio de Janeiro e com as duas torcidas no estádio. Mesmo longe de casa, a rivalidade seguirá viva. O “Clássico dos Milhões” está mais quente do que nunca.