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Proteção do meio ambiente era discurso da campanha de Bolsonaro, dizem ONGs

O anúncio da fusão dos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura causou preocupação entre especialistas ambientais, que afirmam que a decisão deve provocar aumento de desmatamento, violência no campo e emissão de gases estufa.

A confirmação da fusão ocorreu nesta terça (30), durante a primeira reunião sobre a transição de governo. Além da unificação de Meio Ambiente e Agricultura, também foi anunciado o superministério da Economia -composto pelas pastas da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio Exterior-, sob comando de Paulo Guedes.

Na última semana, Luiz Antônio Nabhan Garcia, presidente da UDR (União Democrática Ruralista), afirmou que a fusão poderia ser revista. O anúncio foi feito após reunião entre Jair Bolsonaro, Garcia e algumas dezenas de atores do agronegócio.

“A previsão de que meio ambiente iria sofrer começa a se confirmar dois dias depois da eleição”, afirma Carlos Rittl, secretário executivo da ONG Observatório do Clima. “Isso mostra que o recuo do então candidato Bolsonaro, considerando que até setores do agronegócio eram contra, foi mais um discurso de campanha do que efetivamente uma mudança de ideia.”

Onyx Lorenzoni, futuro ministro da Casa Civil, após deixar a reunião que definiu a fusão, negou o recuo. “Ninguém recuou nada. A questão da agricultura, alimentação e meio ambiente é uma decisão desde os primeiros passos do plano de governo.”

Também nesta terça, a bancada ruralista do Congresso anunciou que pretende aprovar ainda neste ano mudanças nas regras de licenciamento ambiental.

“É o pior cenário possível para a área ambiental”, diz Paulo Artaxo, climatologista da USP. “Agora os ruralistas têm certeza da impunidade.”

Segundo o especialista da USP, o possível aumento do desmatamento poderá acirrar as disputas de terra e levar a um aumento da violência no campo.

Outra preocupação é o prejuízo da imagem internacional brasileira -considerando um possível aumento do desmatamento-, o que pode ter um reflexo na economia brasileira.

“Se o Brasil perder floresta, vai perder mercado. Isso não são os ambientalistas falando”, diz Rittl. Segundo o especialista, os próprios atores importantes do agronegócio afirmam que, em acordos comerciais internacionais, a sustentabilidade e o Acordo de Paris entram na mesa de negociações.

Na mesma linha, Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace, afirma que, quando o anúncio da fusão foi feito pela primeira vez, setores importantes do agronegócio demonstraram preocupação. 

“Tratar o meio ambiente dessa forma leviana vai trazer prejuízo, principalmente econômico. Vai mexer com o emprego das pessoas, na situação em que o país já está”, diz Astrini.

O especialista do Greenpeace preocupa-se também com a percepção que desmatadores podem ter com a fusão. “É como dar combustível para as motosserras que já operam lá.” (Folhapress)

Leia mais:

  • Padilha e Onyx se reúnem para conversar sobre governo de transição
  • Após reunião, Bolsonaro confirma criação de superministério da Economia
Thais Dutra

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