A quadrilha comandada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) movimentou recursos em dez contas no exterior, num total de seis países, afirma o Ministério Público Federal.
De acordo com a Procuradoria, foram usadas contas em Nova York (Estados Unidos), Genebra (Suíça), Luxemburgo, Bahamas, Uruguai e Andorra.
A complexa operação financeira foi descrita pelos operadores do mercado financeiro Renato Hasson Chebar e Marcelo Hasson Chebar, que firmaram delação premiada com o Ministério Público Federal.
Eles auxiliaram o envio de recursos de Cabral para o exterior desde 2002, quando o peemedebista era deputado e disputou a eleição para o Senado. Os dois interromperam os serviços, quando, segundo Renato, o grupo já acumulara ativos estimados em US$ 100 milhões.
De acordo com os operadores, o envio ocorreu sistematicamente até 2013. A partir daí, eles ficaram responsáveis por pagar contas determinadas pelos operadores do ex-governador, Carlos Miranda, Luiz Carlos Bezerra e Sérgio de Castro Oliveira -os dois primeiros já estavam presos desde novembro, e o último, agora, na deflagração da Operação Eficiência.
Um dos pagamentos realizados foi feito em favor da H. Stern, joalheria já citada na Operação Calicute. Segundo investigadores, a compra de joias era uma forma de ocultar o patrimônio obtido com propinas.
Os operadores financeiros pagaram 229 mil euros para a joalheria para quitar a compra de duas jóias -um par de brincos e de um anel de safira, no valor total de R$ 773 mil.
Renato afirmou que conheceu Cabral na década de 1990, quando o então deputado fazia pequenas compras de dólar para viagens no exterior.
Quando o escândalo do propinoduto foi divulgado, Cabral o procurou preocupado em razão de conta que tinha no Israel Discount Bank of New York, nos Estados Unidos. Ele repassou os US$ 2 milhões lá depositados para contas de Renato Chebar.
A partir daí, o operador passou a receber recursos de emissários de Cabral para seguir alimentando as contas no exterior. Entre 2002 e 2007, foram repassado por operações dólar cabo US$ 6 milhões.
“Após o Israel Discount Bank de Nova York (IDB/NY) ter sido vendido, a nova administração expurgou operadores do mercado ilegal de câmbio, tendo os colaboradores migrado os recursos para diversas outras contas em paraísos fiscais”, diz a petição do Ministério Público Federal.
Neste momento, foram usadas outras nove contas, em outros cinco países.
“A partir de 2007, no entanto, o volume de propina recebida começou a ficar tão grande que os colaboradores não conseguiram mais encontrar pessoas no Brasil para fazer as operações fragmentadas de dólar cabo [entrega de reais no Brasil para que fossem creditados recursos no exterior]”, diz a Procuradoria.
Neste momento, Renato afirma que procuraram ajuda de um doleiro identificado apenas como “Juca”, que vive no Uruguai.
Folhapress