“Ou se toma providência para o transporte ou ele vai acabar”, opinou a promotora Leila Maria de Oliveira, em entrevista ao Jornal da Manhã da Rádio Bons Ventos. Partiu dela a negociação com prefeitos, deputados, vereadores e representantes do governo de Goiás que adiou o reajuste da tarifa do transporte coletivo para construir um acordo de melhorias para o sistema.
A promotora vislumbra que a criação de uma Agência Metropolitana de Regulação e Gestão do Transporte Coletivo é a solução. Ela seria a junção da CMTC (Companhia Metropolitana do Transporte Coletivo) e da CDTC (Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo.
Ela insiste na criação de um Fundo para a cobertura das gratuidades do sistema da região metropolitana da capital com abastecimento pelo Poder Público e não dentro do custo da tarifa.
A promotora, conduz de certa forma uma negociação, entre empresas e prefeitos para trazer uma lista de itens a serem cumpridos. A senhora começa essa lista por onde?
O que eu pedi, não é não aumentar a tarifa porque é contratual e as empresas não conseguem fazer nenhuma infraestrutura sem as tarifas. Agora é necessário mudar o sistema institucional do transporte público. Não dá mais para continuar com a CDTC, que tinha a principio uma função importante, mas não conseguiu cumprir o papel, não conseguiu regular, não conseguiu planejar políticas públicas e se reúnem uma vez por ano para aumentar a tarifa.
O que eu estou propondo é a criação de uma agência metropolitana de regulação de transporte público. Acabar com a CDTC, e remodelar a CMTC, com o poder público pagando esses funcionários e não os usuários do transporte que são os mais penalizados. E que essa agência seja composta por técnicos, por pessoas que entendam sobre transporte público e eles vão pensar e planejar o transporte. Aqui o transporte não se desenvolve porque é usado como bandeira política para ganhar votos. Então, se não passarmos por essa remodelação vai continuar como está, porque o transporte não tem pai, um responsável para responder por ele.
Como está funcionando a sucessão dessa lista com os prefeitos?
Tive a reunião com os prefeitos, e ficou decidido que suspenderia por esses próximos 30 dias, até o momento de chegar a esse acordo. A contrapartida que o poder público vai oferecer, a contrapartida das empresas, estamos discutindo isso nesse momento e um acordo para criar essa nova agência. Essa nova entidade, onde vai abranger todas prefeituras da região metropolitana, porque hoje eles não estão nem ai, porque não tem obrigação nenhuma, eles não ajudam no transporte.
Mas, o maior problema que nós temos hoje no transporte é o Eixo Anhanguera. O rombo da Metrobus é muito grande, desde 2004 ficou sem investir na comphania, sem comprar ônibus novos, sem investir na massa asfáltica e não conseguiu aumentar a frota. Os terminais nesses oito anos que eu trabalho com o transporte público são os piores, não conseguem mais atender a população.
Quando estendeu o Eixo Anhanguera e o aumento do custo operacional, foi a morte da Metrobus?
Sim, porque antes ela rodava 13 quilômetros somente dentro de Goiânia. Hoje, ela anda 70 quilômetros pelos mesmos dois reais. Então, qualquer um que olhe isso, sabe que a conta não fecha. Fica inviável manter essa empresa.
Porque será viável com as empresas privadas?
Porque a empresa privada para assumir essa concessão, ela tem que apresentar garantias de que vai conseguir fazer todo o eixo, investindo já na licitação, fica já na obrigação dela ampliar todos os terminais, modernizar esses terminais, construir estações e recuperar toda a infraestrutura. E lá na lei de 2004, diz que a partir do momento que o estado sair da concessão acaba o subsídio, ou seja, será a tarifa completa, o que já dá condições para a empresa operar.
Como fica a próxima agenda?
A próxima agora são com os técnicos, ate ajustar quais serão essas contrapartidas para melhorar esse sistema, porque da forma que está vai acabar. Ou se toma providência para o transporte ou ele vai acabar.