O projeto que reformula o transporte coletivo na Região Metropolitana de Goiânia foi aprovado em segunda votação pelos deputados da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), nesta terça-feira (21/12) e agora vai para sanção do governador Ronaldo Caiado (DEM), que não deve fazer resistências ao texto. Com folga, a matéria teve 20 votos favoráveis e 8 contrários.

A matéria dá nova diretrizes ao transporte na região metropolitana criando a possibilidade de tarifas dinâmicas e flexíveis ao usuário, alterando a configuração administrativa da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) e do Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) e passa a administração da Metrobus, operadora do Eixo Anhanguera à CMTC.

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Apesar da votação favorável, o debate gerou entraves e provocações. Representante da Alego, na CDTC, o deputado Alysson Lima (Solidariedade) foi um dos mais contundentes nas críticas. Pontuou que o projeto entregava um “cheque em branco” às empresas que administram o sistema. “Estamos dando autonomia para a CMTC repassar para as empresas 160 milhões de reais por ano. No mínimo. Não vou passar um cheque em branco pra ninguém, muito menos para essas empresas corruptas.”

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A deputada Lêda Borges (PSDB) endossou Lima e disse que não percebia o usuário sendo discutido na matéria. “Só se for com empresários. Não ouvi dizer nada do usuário. É grave não se ter um conselho, com recurso público, para se discutir esse tema e para fiscalizar o recurso público que para lá irá. Tenho dificuldade com o projeto.”

Líder do governo e responsável pela condução da matéria, o deputado Bruno Peixoto (MDB) saiu em defesa do projeto e disse que o próprio Alysson Lima, em outras ocasiões já havia cobrado maior participação econômica do Governo no transporte coletivo. “O deputado Alysson Lima está completamente destoa do projeto em tela. Várias vezes ele foi à tribuna exigindo a participação do governo no sistema. O governo apresenta uma proposta trabalhada nos municípios pertencentes à região metropolitana”, pontuou.

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Peixoto ressaltou que a partir de agora, o projeto coloca o Governo no centro da distribuição econômica para o sistema de transporte. “Nós estamos inserindo o governo do Estado na distribuição, será subsidiado o sistema para investimentos. Deixo claro: não são para as empresas e sim para o sistema. Investimento em tecnologia, melhoria para o usuário, sistema de bilhetagem moderno, inúmeras melhorias. Aquele que votar contra é porque não quer a melhoria do sistema”, pontuou.

Republicano garante que prefeito fará melhorias no Eixo Anhanguera

Ao anunciar o voto favorável, o deputado Jeferson Rodrigues (Republicanos) chamou a responsabilidade também para a Prefeitura de Goiânia e disse que com a Metrobus sendo repassada para a CMTC, as melhorias viriam. “Sabemos que esse é um dos piores gargalos contra a população. Mas o prefeito de Goiânia chamou para si e para outros prefeitos da região Metropolitana a responsabilidade por esse problema. O ministro de Desenvolvimento que atendeu nosso prefeito Rogério Cruz através do secretário Nacional de Mobilidade, ele apresentou o interesse e desejo que o Ministério tinha de investir na Rede Metropolitana aqui em Goiânia”, destacava.

A reformulação do transporte coletivo, então, levaria um investimento bilionário ao Eixo Anhanguera. “Com esta votação, a rede metropolitana de Transporte Coletivo terá ali no Eixo Anhanguera, um investimento de mais de R$ 1 bilhão que vai trazer inovação, tecnologia e dignidade a quem usa o transporte coletivo.  Quem usa o transporte coletivo muitas vezes parece que está dentro de um curral, onde estão animais engaiolados, esperando embarcar para o frigorífico. É uma vergonha para nossa população e o prefeito Rogério Cruz levou essa proposta para o governador Ronaldo Caiado que está chamando essa responsabilidade para si.”, destacou.

De acordo com Jeferson, o prefeito já fez o compromisso junto com as empresas de transporte da região Metropolitana de investir em mais de 1.300 ônibus para a região nos próximos 15 anos. “Nós sabemos, meus amigos deputados, pelos números técnicos que em dez anos mais de 40% dos usuários já deixaram de usar o transporte coletivo por causa da precariedade. Mas agora o governador está passando essa concessão para a CMTC (Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo). A maior beneficiada será a população da região Metropolitana”, assinalou.

‘Empobrece o que já era ruim’

Oposicionista, o deputado Major Araújo (sem partido) destacou que a reformulação na CDTC acaba prejudicando a população. “Primeiro porque retira a representação da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal de Goiânia e empobrece um sistema que já era ruim”, ponderou Araújo. “Também não acredito que o dinheiro, chegando na CMTC, vai ser utilizado para atender às demandas de melhorias do transporte coletivo”. Especialistas ouvidos pelo Diário de Goiás, no entanto, avaliam que as alterações são ‘correções históricas.

O deputado salientou que, caso o projeto tratasse a respeito de melhorias com relação à bilhetagem, seu posicionamento seria favorável. Para o parlamentar, o reajuste da passagem é estabelecido pelas empresas envolvidas no sistema de transporte público coletivo. “Quem controla a CMTC e a CDTC são as empresas. O reajuste da passagem sempre prevalece o que as empresas determinam”, enfatizou Major Araújo.

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