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Cidades
| Em 2 anos atrás

Professora é demitida após deputado bolsonarista criticá-la por uso de camiseta, em Aparecida

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Um colégio da rede privada de ensino de Aparecida de Goiânia, demitiu uma professora de história da arte, após o deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL) criticá-la pelo uso de uma camiseta com a frase “seja marginal, seja herói”, de Hélio Oiticica (1937-1980), um dos mais renomados artistas brasileiros a partir de 1950.

Após o deputado ir para as redes sociais e “detonar” a professora, o post viralizou e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro começaram fazer várias acusações contra ela.

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Grupo de bolsonaristas foram até o perfil do colégio nas redes sociais e cobrou providencia por parte da instituição, além das ofensas desferidas contra a professora.

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A professora explica que sempre aberto sou camisetas com obras de arte. “Sempre uso camisetas com obras de arte. É um jeito que tenho para conversar sobre arte com os alunos, de forma despretenciosa. Naquele dia expliquei e eles entenderam o contexto histórico da obra”, disse.

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A professora conta que trabalhava no Colégio Expressão, em Aparecida de Goiânia, desde janeiro de 2023. Ainda de acordo com ela, a demissão foi meio de telefone, na última quinta-feira (4), após publicação do deputado.

Em nota, divulgada nas redes sociais, os Colégios Expressão e Expressão Júnior, afirmam que “escola não é lugar de propagar ideologias políticas, religiosas ou preconceituosas”.

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Confira nota na íntegra

O Colégio Expressão e o Colégio Expressão Jr. têm o compromisso de oferecer uma educação de qualidade, pautada pela ética, respeito e diversidade. Por mais de 23 anos, nossa escola jamais induziu, militou ou abordou temas políticos, religiosos ou de gênero, pois acreditamos que essas escolhas devem ser respeitadas e discutidas no âmbito familiar.

Nossa missão é proporcionar aos nossos alunos uma formação integral, que prepare não apenas para o ingresso no mercado de trabalho, mas também para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Para isso, trabalhamos com um conteúdo pedagógico atualizado e alinhado com as exigências do Enem.

Ensinar conteúdos polêmicos em sala de aula pode ser um desafio para nós educadores. Porém, como profissionais da educação, temos a responsabilidade de apresentar esses temas de forma imparcial e crítica, sem tomar partido ou influenciar nossos alunos. É importante destacar que a escola não é lugar de propagar ideologias politicas, religiosas ou preconceituosas. Nossa missão é formar cidadãos conscientes e éticos, capazes de compreender e respeitar as diferenças culturais e ideológicas.

Reconhecemos que essa é uma tarefa complexa, mas estamos comprometidos em buscar constantemente o aprimoramento para oferecer um ensino de qualidade.

Contamos com a confiança de todos para seguirmos juntos nesso caminhada em busca de uma educação de qualidade, respeito e valorização da diversidade.

Sinpro Goiás repudia

O Sindicato dos Professores de Goiás (Sinpro Goiás) repudiou a atitude do colégio e disponibilizou assessora jurídica para a professora, que entrou com processo contra a instituição e o deputado Gustavo Gayer.

Ainda em nota o sindicato disse que está dando todo o suporte à docente e entende que o ataque covarde contra ela, protagonizado pelo Bolsonarista, arquitetado na base da fake news, distorce o objeto em estudo que é a cultura marginal no Brasil.

Confira na íntegra nota do Sinpro

O Sindicato dos Professores do Estado de Goiás, Sinpro Goiás, além de repudiar com veemência a atitude covarde e irresponsável do dep. Gustavo Gayer, informa que entrou com uma ação na Justiça Federal contra ele, assinada também pelo Sintego, Fitrae-BC e Contee, solicitando a exclusão das redes sociais disseminadoras de ódio e falsas notícias, incluindo-se a página dele que persegue professores/as em nome do monitoramento da suposta doutrinação.

O Sinpro Goiás também ajuizou outra ação, civel, para que sejam reparados os danos materiais e morais sofridos pela professora. Está também em fase final de elaboração a ação trabalhista contra o Colégio, em caso de consumação jurídica da demissão da docente.

O Sindicato dos Professores do Estado de Goiás está dando todo o suporte à docente e entende que o ataque covarde contra ela, protagonizado por esse ignóbil deputado, arquitetado na base da fake news, que distorce o objeto em estudo que é a cultura marginal no Brasil traduzida na resistência do povo excluído contra a opressão, é um ataque a todos os professores e professoras. É um ataque à educação e à sociedade como um todo.

O Sinpro Goiás utilizará todos os meios legais possíveis para defender a categoria docente que representa contra tais ofensivas fascistas desse senhor oportunista que quer fazer crescer suas redes sociais e obter resultados eleitorais por meio da destruição de reputações, da dor e do sofrimento alheios, como fez durante os momentos mais greves da Pandemia da Covid19 ao divulgar notícias falsas sobre a doença, vacinas e tratamentos médicos.

O Sinpro Goiás informa também que já realizou representações contra Gustavo Gayer no Ministério Público de Goiás e Federal. O Sinpro, que completa 60 anos de história, seguirá firme e vigilante, pronto a defender os professores e as professoras com toda a força da sua representação e da lei.”

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Leonardo Calazenço

Jornalista - repórter de cidades, política, economia e o que mais vier! Apaixonado por comunicação e por levar a notícia de forma clara, objetiva e transparente.