Em reunião realizada no Palácio das Esmeraldas, nesta quinta-feira (01/08), o governador Ronaldo Caiado (DEM) intermediou um encontro entre produtores de leite e representantes de indústrias laticínias. A demanda vem se arrastando há algum tempo e trata da produção de leite, o preço e a forma de pagamento. O encontro estabeleceu tacitamente um acordo e procurou definir algumas regras de mercado para que o setor não fosse prejudicado. A reunião contou com a presença do deputado estadual Amauri Ribeiro (Patri-GO); da secretaria de Economia, Cristiane Schmidt; o presidente da Comissão de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Renato Chiari; do presidente Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Goiás (Sindileite), Alcides Augusto da Fonseca entre outros representantes de produtores e do setor industrial.
O deputado estadual Amauri Ribeiro ajuda a entender o contexto e a importância da reunião. Em entrevista ao Diário de Goiás ele explicou que os produtores de leite, entregam antecipadamente o produto, mas podem demorar até quase dois meses para receber pelo produto fornecido.
Pior de tudo: não sabem sequer quanto irão receber pelo fornecimento das indústrias de laticínio. “O normal seria entregar e depois de 30 dias receber o produto, correto? Isso não acontece”, explica. “Nós entregamos leite, daqui 30 dias em vez de receber temos que esperar mais 25 dias para receber do nosso produto”, ressalta.
Parceria com Instituto Mauro Borges
Um dos clamores do grupo de produtores é que haja ao menos, uma previsão do valor. Hoje, segundo Ribeiro um acordo foi firmado nesse sentido. “Hoje conseguimos uma das conquistas maiores nós buscavamos que a partir do dia 25 agora, que completa esse rito, numa reunião que vai acontecer no dia 23: todo o dia 25 será informado o preço que será pago no mês corrente, o que já é uma grande conquista”, exalta.
Dados divulgados pela Faeg, em junho deste ano apontam que o preço do litro de leite variou entre R$ 1,05 a R$ 1,70. Em julho, o produto teve uma redução no valor de R$ 0,15 a R$ 0,45. Antes, esses valores eram publicizados poucos dias antes do pagamento feito pelo setor industrial.
A reunião desta quinta-feira visa mudar esse cenário e resultou em uma parceria entre produtores, indústrias e o Instituto Mauro Borges para a construção de uma agenda em conjunto. “Através do Instituto Mauro Borges será definido o preço de pauta do leite”, explicou o deputado.
Outro ponto comemorado pelo deputado: o Governo de Goiás estabeleceu que irá retirar os incentivos fiscais para indústrias que importam produtos de outros países. Aquilo que for importado, como o leite em pó, não pode receber incentivo fiscal, porque eu estaria indo contra aquilo que a lei determina. A lei determina que eu dê incentivo para que a indústria instalada absorva aquilo que é produzido no Estado”, disse o governador Ronaldo Caiado.
Amauri disse que essa retirada de incentivo foi um fator preponderante para que o diálogo fosse estabelecido. “Isso deixou os laticínios bastante preocupados, então, o mais rápido possível eles prontamente quiseram sentar para resolver a situação”, afirmou.
Mercado Externo
Ele traça o cenário para o futuro e ressalta que é importante que o diálogo continue. Até porque o acordo entre Mercosul-União Européia está às portas: “Por enquanto [a Indústria de Leite] tá importando só leite em pó. E a hora que começar a importar o queijo? O iogurte? A manteiga? Como vai ficar esses laticínios? Deixamos bem claro isso e o governador Ronaldo Caiado fez questão de falar isso. Ao invés de ficar se ‘esglateando’ com o produtor, os laticínios têm que ser essa parceria com o produtor. Porque lá na frente quem vai defender os laticínios desse mercado externo que pode vir a querer entrar no país são os produtores que vão ajudar a defender essa entrada de produtos aí”, pontuou.
Quem também comemorou o acordo foi José Renato Chiari, presidente da Comissão de Leite da Faeg. Ele pontua que o que foi estabelecido é algo positivo para os dois lados, até mesmo para a questão do acordo econômico Mercosul-União Européia: “Outra coisa que a gente finalizou é a necessidade da Indústria e do Produtor estar junto. Vai ter várias mudanças nos próximos anos, principalmente, pensando no mercado europeu, Mercosul e a gente precisa estar alinhado para desenvolver uma pauta para manter a atividade competitiva a nível mundial”, explicou.
Ele também disse que o setor produtivo já reivindicou que o pagamento pelo insumo seja realizado antecipadamente, mas vai ficar para depois. “Isso é algo que ainda será estudado”, explicou.
Por fim, não dá para se ficar com discursos diferentes. Chiari ressalta que é fundamental a parceria entre produtores e industriários: “O produtor pedindo uma coisa a indústria pedindo outra fica muito difícil de chegar a um consenso”, explicou.