O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu abertura de um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) para apurar se o senador José Serra (PSDB-SP) recebeu cerca de R$ 7 milhões por meio de caixa dois da JBS na campanha presidencial de 2010.
Um dos delatores da JBS, o empresário Joesley Batista, dono do frigorífico, disse que fez uma doação não contabilizada à campanha. Ele afirmou que passou R$ 20 milhões, mas apenas R$ 13 milhões foram declarados a justiça eleitoral.
De acordo com o delator, Serra o procurou na sede da JBS, em São Paulo, para pedir financiamento para disputar eleitoral.
Segundo ele, R$ 6 milhões foram pagos por meio de emissão de nota fiscal da LRC Eventos e Promoções para simular a aquisição de um camarote na Fórmula 1.
Outros R$ 420 mil foram pagos por meio da empresa APPM Análises e Pesquisas, afirmou Joesley.
Em 2010 o tucano ficou em segundo lugar na disputa presidencial e perdeu para a ex-presidente Dilma Rousseff.
No pedido feito ao ministro Edson Fachin, que homologou a delação dos executivos da JBS, Janot pede para que o caso seja redistribuído ao outro magistrado, uma vez que as acusações feitas pelos delatores da JBS não tem relação com esquema de corrupção da Petrobras.
Janot também pediu para que o STF autorize a tomada de depoimentos dos responsáveis das empresas de eventos e de pesquisas e do próprio José Serra.
Ele pede ainda que as empresas LRC Eventos e Promoções e APPM Análises e Pesquisas prestem os esclarecimentos necessários referentes aos serviços supostamente por ela prestados e que deram origem as notas fiscais. A reportagem não conseguiu contato com as empresas.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o senador afirmou que “todas as suas campanhas eleitorais foram conduzidas dentro da lei, com as finanças sob responsabilidade do partido. E sem nunca oferecer nenhuma contrapartida por doações eleitorais, como aliás confirma o senhor Joesley Batista”.