A tradição americana de uma sexta-feira de promoções – a chamada Black Friday, nos Estados Unidos – está marcada para hoje (27), no Brasil. Especialistas orientam os consumidores a ficarem atentos para casos de “maquiagem” nos preços, o que ocorre quando há aumento antes do período de promoção e, no dia da Black Friday, os preços são “reduzidos”, com a alegação de que houve desconto.
O Procon de São Paulo está fazendo monitoramento nos preços de um lote de produtos eletroeletrônicos e eletrodomésticos para informar ao consumidor se as ofertas têm realmente o desconto anunciado. O monitoramento vai permitir que a instituição autue as empresas que praticarem publicidade enganosa ou que descumprirem a oferta.
O advogado Dori Boucault, especialista em direitos do consumidor, disse que, no caso do comprador se sentir enganado, a orientação é procurar o Procon. “É preciso fazer as compras com planejamento, fazer uma pesquisa com antecedência, levantando as ofertas na internet, nos folders, nos jornais, na televisão”, afirmou.
Outra orientação é evitar a compra por impulso. “Primeiro tem que verificar o que realmente precisa comprar. Há uma diferença entre necessitar e querer. E, também, fazer uma conta do seu orçamento doméstico. Quanto tem dinheiro para gastar, para comprar o que precisa”. Se, por acaso, o produto comprado via internet tiver algum defeito, o consumidor tem direito à troca. Segundo o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor, o cliente tem prazo de sete dias para devolver o produto e receber o dinheiro de volta.
O consumidor também tem que verificar a autenticidade dos sites. “Há sites de fachada, de aproveitadores que abrem nessa época para induzir o consumidor a mandar dinheiro, dizendo que o produto está acabando. Nem a polícia encontra”, disse o advogado.
Na página do Procon de São Paulo na internet, há uma lista de sites não recomendados. De acordo com o Procom, esses sites devem evitados, porque foram registradas reclamações contra eles no Procon e os responsáveis não responderam ou não foram encontrados.
Também é preciso desconfiar de preços muito abaixo do mercado. “Dificilmente alguém vai fazer uma oferta tão vantajosa, fora da realidade. Algumas dizem para enviar o dinheiro urgente, porque o produto já está acabando.” Para o consumidor que faz compras em parcelas, se houver algum problema, a lei permite o bloqueio do pagamento.
Uma recomendação é ter cautela na hora das compras, pois no início no ano, os consumidores já têm muitas despesas com impostos, material escolar e dívidas com compras de Natal. “A inflação está subindo e o desemprego aumentando. é preciso ter cautela e paciência para evitar gastos desnecessários.”
A estudante Ana Paula dos Santos Vieira, 34 anos, contou que, no ano passado, comprou uma fritadeira elétrica e uma máquina de fazer café. “Pesquisei os preços durante um mês. Valeu muito a pena, paguei R$ 289, no que antes custava mais de R$ 500. Na cafeteira, paguei R$ 299 e, antes, era R$ 699.”
Já o jornalista Luciano Beregeno Lopes, 47, disse que não achou os preços vantajosos no ano passado. “Desisti de participar, e, um mês depois, consegui comprar um produto por preço bem mais baixo do que o que foi apresentado na Black Friday”, disse. Nesta edição, ele vai participar, mas por precaução, baixou um aplicativo que faz comparação de preços entre lojas. “Tenho o hábito de pesquisar os preços. Os feirões, de janeiro e fevereiro, oferecem 30% a 40% mais baixos do que os preços da Black Friday.”
Segundo levantamento feito pelo site Busca Descontos, responsável pelo BlackFriday.com.br, 48,36% dos consumidores pretendem gastar de R$ 700 a R$ 2 mil na Black Friday. A pesquisa foi feita em outubro com 6.926 pessoas. A segunda faixa de pretensão de compra com mais respostas é a de R$ 300 a R$ 700 (18,26%). Na sequência, aparecem acima de R$ 2.001 (16,27%), de R$ 101 a R$ 300 (12,49%) e até R$ 100 (4,55%).
Com informações da Agência Brasil