Em sua terceira edição, após dois anos suspensa devido à pandemia de coronavírus, a Procissão do Fogaréu reuniu, segundo a prefeitura do município de Goiás, mais de 20 mil pessoas na madrugada desta quinta-feira (28). O evento, considerado Patrimônio Cultural e Imateral de Goiás encena a perseguição sofrida por Jesus Cristo.
Cerca de 40 farricocos, vestidos com capas coloridas, invadem a antiga Vila Boa com tochas e, ao som de tambores, partiram às 0h do Museu de Arte Sacra da Boa Morte, em direção à Igreja de São Francisco, que representa o Monte das Oliveiras. “Aqui é num momento emocionante, onde ao som do clarim, Jesus então é aprisionado. Jesus é representado por uma tela do artista plástico Veiga Valle”, explicou o prefeito da cidade, Anderson Gouveia.
Agradecemos muito às pessoas que vieram participar. Aqueles que vêm um ano certamente voltarão e trarão mais público.
Anderson Gouveia, prefeito da cidade de Goiás
A manifestação religiosa, que perdura há 279 anos, foi acompanhada pelo governador Ronaldo Caiado e pela coordenadora do Goiás Social, primeira-dama Gracinha Caiado. O governador lembrou do simbolismo de um dos eventos mais marcantes e emocionantes de Goiás. “É muito lindo apreciar essa tradição, uma das mais reconhecidas do país”, destacou.
É a nossa cultura e história, que tive a felicidade de acompanhar desde a infância. Me apego e sempre realço nosso respeito às tradições no cenário nacional.
Ronaldo Caiado
O diácono Heber da Rocha Rezende Júnior que participa da Procissão do Fogaréu há 46 anos, afirma que ainda se emociona com todo o ritual que transporta a todos para outra época. “A expectativa é de que seja um ano com quantitativo de turistas bem maior do que os anteriores. Pelo o que a gente está percebendo, com as pousadas lotadas”, afirmou.
Para a titular da Secretaria da Cultura (Secult), Yara Nunes, a programação da Semana Santa representa uma tradição de quase 300 anos, com uma beleza e simbologia que fazem da cidade de Goiás um dos mais importantes destinos nesta época do ano no país. “A fé e a cultura do povo atraem milhares de turistas de todo o mundo até a nossa querida Vila Boa”, destacou Yara.
Acredita-se que a Procissão do Fogaréu foi introduzida no Brasil, em 1745, por um padre espanhol chamado João Perestrello de Vasconcelos Spínola. É dito que ele introduziu uma série de festividades religiosas na cidade, com grande enfoque na Semana Santa. Apesar de 1745 ser reconhecido como o ano de início da procissão, o primeiro registro oficial do Fogaréu se deu somente na década de 1820.
A tradição encena a perseguição e prisão de Jesus Cristo antes de sua crucificação e traz os guardas romanos como os farricocos, na qual a característica mais evidente desses personagens é a roupa que eles usam. Vestidos com uma túnica colorida e uma máscara em forma cônica pontiaguda, eles partem às 0h da Igreja da Boa Morte.
Segundo a tradição, a roupa é a mesma que cristãos que faziam procissões de penitência usavam na Idade Média. O objetivo era preservar a identidade da pessoa que fazia penitência por seus pecados. O símbolo se relaciona os pecadores penitentes com os guardas romanos que prenderam e crucificaram Jesus.
Quinta-Feira Santa (28):
Sexta-Feira da Paixão (29):
Sábado Santo (30):
Domingo de Páscoa (31):