Formado apenas por pessoas negras, o pré-carnaval do bloco Tambores do Orum terá a sua estreia nos dias 27 e 28 de janeiro, na Região Norte da capital. A concentração está marcada para às 16 horas e saída às 17 horas. O bloco vai percorrer o Residencial Nossa Morada e o Residencial Morada do Bosque, localizados na Região Norte de Goiânia.

O projeto contemplado pelo edital de fomento ao patrimônio material e imaterial do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás de 2023 tem a missão de cantar e dançar a fé e a cultura pretas. “Apresentaremos uma ode litúrgica teatral musicada dos deuses que ousam dançar, cantar e festejar junto aos que os cultuam com alegria, diversão e amor”, explica Raquel Rocha, diretora-geral e produtora do projeto.

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Neste primeiro ano, o bloco vai homenagear o patrono Exú Onã, o orixá dos caminhos. “Ele é aquele que nos auxilia para que as trilhas de nossa jornada estejam sempre livre de obstáculos. Onã nos lembra que o caminho está livre, mas somos nós que devemos percorrê-lo com sabedoria”, comenta Marcelo Marques, que divide a produção e direção geral com Raquel.

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Música e dramaturgia do bloco

A travessia do bloco será feita ao som dos instrumentos da ancestralidade preta, com quatro naipes tocando alfaia, atabaque, agogô e xequerê, sob a regência de Noel Carvalho. Já a dramaturgia será regada pela dança afro com referência na dança dos orixás e voduns sob a coordenação de Terená Kanoute e Setchegon Sokenou.

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Raquel explica que os dançarinos vão representar no corpo a dança dos orixás no plano terreno, exibindo a estética, a beleza e a força negra. Tecendo um contraponto à dança do Aiyê e representando os Orixás do Orum, pernas de pau trarão para as ruas a grandiosidade de Exú, Iemanjá e Xangô.

“Nosso lugar de promover entretenimento de rua tem valor agregado em forma de educação e formação antirracista. Somos panafricanistas, afrofuturistas, levando para as ruas educação e cultura afro, somadas às tecnologias de terreiro”, enfatiza Raquel, que também assina a composição das músicas e figurino.

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Totalmente negro

Em 1974, o Ilê Aiyê lançou o primeiro bloco afro do Brasil composto apenas por pessoas negras. Quarenta anos depois, Goiânia terá o seu bloco totalmente negro. Segundo os organizadores, essa é uma oportunidade de dar continuidade a uma tradição de outras partes do país.

“Um dos princípios primordiais do aprendizado dentro da cultura afro diaspórica é absorver os conhecimentos e sabedorias dos nossos ancestrais, ou seja todo conhecimento preto trazido de forma dolorosa pelos escravizados. Os blocos de carnaval são uma extensão dos terreiros para as ruas, a musicalidade do carnaval é uma derivação dos acentos e células das cantigas de terreiro”, comenta o diretor-geral, Marcelo Marques.

SERVIÇO
Tambores do Orum sai às ruas no pré-carnaval de Goiânia
Quando: 27 e 28 de janeiro
Horário: concentração às 16h, saída às 17h
Local: Dia 27/01 | Bar da Poliana, Res. Nossa Morada, Rua Omari L. Martins 177-1.
Dia 28/1 | Rua MB 2 esquina com MB 10, Res. Morada do Bosque.

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